Título: HÁ BONS SALÁRIOS PARA MÉDICOS NA REGIÃO SUL
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 24/04/2005, O País, p. 11

`O rodízio de médicos é grande nas pequenas cidades¿

BRASÍLIA. A falta de médicos não é um problema apenas de municípios nas regiões Norte e Nordeste. No Rio Grande do Sul, prefeituras do interior também oferecem salários mais altos na hora de montar suas equipes. Em Cambará do Sul, a 180 quilômetros de Porto Alegre, Eduardo Ren da Fontoura, de 31 anos, trocou três empregos na capital para trabalhar no interior. Lá ele faz desde cirurgias de apêndice até atendimento clínico no

hospital da cidade. Fontoura diz que a escolha valeu a pena tanto do ponto de vista financeiro quanto de qualidade de vida.

¿ Para quem não é especialista e ao mesmo tempo é um bom clínico, vale a pena. O custo de vida aqui é menor ¿ diz ele.

Segundo Fontoura, pelo fato de não haver vagas nas residências médicas para todos os médicos recém-formados nas grandes cidades, muitos profissionais entram no mercado de trabalho logo após sair da faculdade. Resultado: recebem salários mais baixos e se submetem a rotinas desgastantes, alternando plantões em mais de um hospital, muitas vezes em diferentes cidades da região metropolitana.

Entre os problemas, contratos temporários

Os altos salários pagos por algumas prefeituras, no entanto, não são a regra geral, diz o presidente da Associação Médica Brasileira, Eleuses Vieira de Paiva. O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Tocantins, Frederico Melo, concorda.

¿ Salários aviltantes e contratos precários de trabalho são o problema. Hoje o governo estadual paga R$1.300 mensais líquidos para um médico. Algumas prefeituras então prometem muito e cumprem pouco ou nada. O rodízio de médicos é grande nas pequenas cidades ¿ diz Frederico Melo.

Segundo ele, o CRM-TO recorreu à Justiça para expulsar os médicos cubanos porque quer garantir a qualidade do serviço oferecido à população.

¿ Se um motorista precisa de carteira de habilitação para dirigir, imagine um médico que é senhor da vida e da morte ¿ argumenta Melo.

Em TO, 56 médicos cubanos estão em situação legal

Melo diz que hoje atuam em Tocantins 1.080 médicos, dos quais 56 cubanos em situação legal, pois obtiveram a convalidação de seus diplomas por universidades públicas brasileiras e foram registrados no CRM-TO. Além dos cubanos, há médicos de outros 16 países, incluindo árabes, europeus, africanos e latino-americanos.

¿ Estamos abertos a receber médicos de qualquer estado ou país, mas desde que venham em situação legal ¿ diz Melo.(Demétrio Weber)