Título: IRREGULARIDADES EM 25% DOS CASOS
Autor: Fábio Vasconcellos
Fonte: O Globo, 24/04/2005, Rio, p. 16

Especialista diz que a maioria das empresas não tem fiscalização eficiente

Membro da Academia Nacional de Seguros e Previdências, além de criador do site Monitor de Fraudes, o italiano Lorenzo Parodi disse que, no Brasil, cerca 25% dos pagamentos autorizados pelas operadoras de planos de saúde são de serviços fraudados. Um golpe clássico, segundo ele, é aquele em que médicos e fornecedores cobram por produtos não usados ou atendimentos nunca realizados. De acordo com o especialista, na França os golpes não passam de 5% dos seguros pagos. Isso se deve a um modelo de fiscalização em que até os pacientes ganham descontos no Imposto de Renda caso ajudem a evitar os golpes.

¿ Infelizmente, a maioria das operadoras de planos de saúde no Brasil não tem um sistema eficaz para inibir golpes. Por isso, não é difícil ocorrerem fraudes ¿ afirmou Parodi.

Ele explicou que as fraudes contra os planos têm dois modelos. O primeiro, e mais comum, ocorre dentro dos consultórios, quando o médico comunica às operadoras um serviço que não foi realizado.

¿ Normalmente, são pessoas que pedem ao médico para atender a um amigo ou a um parente que não está cadastrado no plano. O médico atende e envia para a operadora a cobrança, como se o verdadeiro associado tivesse sido atendido ¿ disse Parodi.

O outro tipo de golpe é o falso pedido de produtos para serem usados numa operação. Nesse caso, segundo o especialista, é preciso haver a formação de quadrilhas, com a participação de gente de dentro da sala de cirurgia e das empresas que vendem o material para os planos.

¿ Esse é o caso em que há o envolvimento de muitas pessoas. Na maioria das vezes, descobre-se que houve também a ajuda de funcionários dos planos de saúde, que trabalham em parceria com os médicos e as empresas que vendem o material cirúrgico ¿ disse Parodi.