Título: BNDES VAI REDUZIR OS JUROS DE FINANCIAMENTOS
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 24/04/2005, Economia, p. 33

Diretoria deve aprovar amanhã corte nos `spreads¿ cobrados pelo banco. Taxa média hoje é de 3% a 3,5% ao ano

O BNDES deve anunciar na terça-feira uma redução nos spreads (diferença entre os juros que o banco paga na hora de captar no mercado e a taxa que cobra do tomador final) de suas operações de financiamento. Será a segunda redução no governo Lula. A taxa, que serve de remuneração ao banco, hoje está entre 3% e 3,5% ao ano, em média. A medida deve ser aprovada amanhã, durante a reunião semanal da diretoria da instituição.

Com o spread atual, o custo final dos empréstimos do BNDES passa de 13%, pois leva em consideração a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, fixada em 9,75% ao ano) e as taxas cobradas por agentes repassadores, no caso das operações indiretas.

A redução dos juros cobrados pelo BNDES é resultado de um estudo encomendado no início do ano pelo presidente do banco, Guido Mantega. Em fevereiro, ele afirmou que o spread cobrado do tomador final é uma questão que está sob constante observação.

A medida atende ao pleito dos principais setores da indústria e a um pedido do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria recomendado um estudo sobre a possibilidade de diminuir a remuneração do banco.

Linhas ligadas à política industrial terão vantagens

Cada área do BNDES fez um levantamento dos custos das linhas de financiamento sob sua responsabilidade. Assim, a redução dos spreads não deve ser linear: o corte será de acordo com cada modalidade de empréstimo. As linhas ligadas à política industrial do governo serão as mais beneficiadas.

Alguns programas do banco já operam com spread reduzido. Um exemplo é o Profarma, de apoio à indústria farmacêutica. Nas operações de pesquisa e desenvolvimento, o custo total é fixo: 6% ao ano. Pequenas empresas também têm tratamento diferenciado e pagam spread reduzido, de 1% ao ano.

O barateamento do custo do crédito do BNDES acontece em meio a críticas de Mantega, assim como de seu antecessor, Carlos Lessa, ao valor da TJLP. Desde que assumiu, em novembro, Mantega defende que há espaço para uma taxa de longo prazo menor.