Título: CARAJÁS II VAI RECEBER R$2,7 MILHÕES
Autor: Francisco Leali
Fonte: O Globo, 25/04/2005, O País, p. 5

Rossetto determina liberação da verba após reportagem sobre condições precárias

BRASÍLIA. Preocupado com a situação no assentamento Eldorado do Carajás II, em Mossoró, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, determinou que sejam liberados R$2,7 milhões para custear a construção de moradias dos assentados. As condições precárias no assentamento foram reveladas no último sábado pelo GLOBO. Apesar de em 2003 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter prometido transformar o assentamento em modelo, famílias permanecem vivendo em barracas até hoje.

Ontem, o superintendente Nacional de Desenvolvimento Agrário do Incra, Cesar Oliveira, informou que a liberação adicional de recursos será feita o mais rapidamente possível. Os R$2,7 milhões fazem parte de um total de R$5,6 milhões previstos para serem liberados este ano. Cesar Oliveira reconheceu que a situação no assentamento está aquém das expectativas do Incra, mas disse que parte do atraso na implantação do projeto se deve a problemas internos.

¿ Há um componente de disputa interna que dificulta a gestão do Incra ¿ disse o superintendente.

Uma briga entre dirigentes locais do MST e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) obrigou o Incra a dividir o assentamento em três. As 1.150 famílias foram alojadas em dois assentamentos em Mossoró e um em Baraúnas, município vizinho.

Cesar Oliveira negou, no entanto, que haja registro oficial de que as pessoas estejam passando fome nos assentamentos na região. Segundo ele, técnicos do Incra e do programa Saúde na Família têm visitado as famílias.

¿ Reconhecemos que há dificuldades e problemas, mas não temos conhecimento que há fome ou índice além do aceitável de diarréia ou verminose no assentamento ¿ disse Cesar Oliveira.

Segundo ele, no ano passado, o Incra liberou para Eldorado do Carajás II um total de R$6,1 milhões. Desse montante, R$2,7 milhões foram para alimentação e fome (compra de maquinários e equipamentos). Outros R$3 milhões foram para construção de moradias. Até agora, no entanto, as casas não foram erguidas. Só na última sexta-feira os assentados definiram os locais onde serão erguidas as nove agrovilas do assentamento. Cesar Oliveira garantiu que o dinheiro já liberado para moradia não foi desviado. Permanece na conta das associações é só retirado depois que técnico do Incra atestar que foram adquiridos materiais de construção.