Título: PARA EVITAR GUERRA INTERNA, CÚPULA E ESQUERDA DO PT RECUAM DOS ATAQUES
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 26/04/2005, O País, p. 10

Raul Pont volta atrás no pedido de demissão de Antonio Palocci

SÃO PAULO. A possibilidade de a eleição para a presidência do PT virar uma guerra fraticida obrigou a cúpula e a esquerda petistas a recuar ontem dos ataques feitos durante o fim de semana. O presidente nacional do PT, José Genoino, e o secretário-geral, Sílvio Pereira, voltaram atrás na ameaça de apontar falhas administrativas da esquerda. Já o deputado estadual Raul Pont (RS), candidato da tendência de esquerda Democracia Socialista (DS) à presidência do PT, recuou do pedido de demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

¿ É exagero. Não vou tratar meus companheiros como adversários. Disse que o PT deve reavaliar sua rica experiência administrativa no sentido positivo. O debate deve ser programático ¿ disse Genoino.

Pereira também pediu desculpas pelo tom dos ataques:

¿ Fui responder às críticas à direção e acabei batendo pesado. Temos que ter humildade para reconhecer. Não quero botar mais lenha nessa fogueira.

Pont mantém pedido de saída de Jucá e Meirelles

Para o deputado Ivan Valente (SP), que articula o lançamento da candidatura de Plínio de Arruda Sampaio em oposição a Genoino, a cúpula se assustou com as críticas da DS, que tem dezenas de cargos no governo:

¿ Eles ficaram nervosos. Pela primeira vez a DS começou a falar grosso. Eles pediram a cabeça da equipe econômica.

¿ Não debaterei se a derrota em São Paulo foi pior do que a de Porto Alegre. Quero discutir a política econômica ¿ disse Valter Pomar, segundo vice-presidente do PT e pré-candidato pela Articulação de Esquerda.

Raul Pont, que pediu no sábado a demissão de Palocci, do ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB), e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, divulgou nota ontem na qual admite que a tarefa de demitir ministros cabe a Lula, mas mantém as críticas à política econômica e o pedido de afastamento de Jucá e Meirelles.