Título: Brasil e EUA se unem em defesa da democracia na América do Sul
Autor: Eliane Oliveira, Jailton de Carvalho e José Passos
Fonte: O Globo, 27/04/2005, O País, p. 3

`NÃO QUEREMOS QUE VENEZUELA SEJA ASSUNTO ÚNICO¿

Teremos uma agenda comum no continente¿, afirma Condoleezza Rice

BRASÍLIA. Brasil e Estados Unidos trabalharão juntos para preservar a democracia na América do Sul, hoje um continente repleto de conflitos e crises políticas, com destaque para o Equador, a Bolívia e a Venezuela. O anúncio, seguido de um comunicado conjunto dos governos dos dois países, foi feito pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

¿ Vamos procurar oportunidades econômicas, o livre comércio e políticas favoráveis ao crescimento para que as populações colham os frutos do crescimento ¿ enfatizou a secretária de Estado.

A iniciativa indica que os EUA decidiram dar mais atenção à América Latina na sua política externa. Segundo lembraram fontes do Itamaraty, desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, a prioridade do governo americano passara a ser o Oriente Médio.

¿ Teremos uma agenda comum no continente, voltada para o desenvolvimento econômico e o fim das desigualdades sociais. Os Estados democráticos têm direito a prosperidade.

Ela ressaltou que Brasil e EUA têm valores comuns quando o assunto é democracia. E citou dois caminhos para que esse objetivo seja alcançado: a carta democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a consolidação do livre comércio na região.

¿ Temos que perseguir uma agenda positiva para este hemisfério, uma agenda que busque a governança democrática, de acordo com os preceitos democráticos, que permita oportunidades econômicas através do livre comércio, seja ele no nível global, com a OMC, ou no nível regional, com a Alca.

EUA apóiam asilo concedido por Brasil a Gutiérrez

Condoleezza não disse diretamente se os EUA estarão juntos com Brasil, Argentina, Peru e Bolívia na missão da OEA para investigar em que contexto ocorreu a destituição do ex-presidente do Equador Lucio Gutiérrez. Mas sinalizou que seu país apóia a iniciativa brasileira de conceder asilo a Gutiérrez:

¿ A OEA procura ajudar os equatorianos a encontrar um caminho e uma saída para essa crise. Os acontecimentos recentes no Equador nos levaram a uma cooperação com a OEA cuja meta é ajudar a trilhar um caminho de democracia estável.

Com essa declaração, demonstrou que a crise política no Equador foi o grande fator estimulador para essa ação conjunta a ser desenvolvida por EUA e Brasil. No entanto, Condoleezza evitou entrar em detalhes quando o assunto abordado na entrevista foi a Venezuela:

¿ Tivemos ocasião de conversar sobre a Venezuela, mas não queremos que este seja um assunto único.

À noite, os chanceleres divulgaram um comunicado conjunto em que recordaram o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, em junho de 2003, quando foi assinado um documento em que os dois países se comprometem com uma relação mais sólida.