Título: TAXA DE DESEMPREGO E RENDA SUBIRAM EM MARÇO
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 28/04/2005, Economia, p. 27

Índice, porém, é o menor para o mês desde 2002 e IBGE já admite recuo antes do previsto

A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país ficou em 10,8% em março, ligeiramente acima dos 10,6% registrados em fevereiro, informou ontem o IBGE. Sazonalmente, o desemprego sobe em março, quando mais trabalhadores saem em busca de vagas após as férias de verão. Mas graças principalmente à abertura de 73 mil vagas na indústria paulista, a taxa ficou praticamente estável no mês passado.

Segundo técnicos do IBGE, a pequena variação de 0,2 ponto percentual na taxa entre fevereiro e março não pode ser considerada uma alta no desemprego. Essa diferença está dentro da margem de variação estatística. Em relação a março de 2004, houve forte queda: de 12,8% para 10,8% no mês passado (em janeiro a taxa ficara em 10,2%). Essa foi também a menor taxa para um mês de março desde o início da atual série do IBGE, em 2002.

Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa, acredita que em 2005 a taxa de desemprego pode começar a recuar mais cedo. Normalmente, o desemprego cresce até junho e só cede no segundo semestre, com o aquecimento da economia devido às encomendas de Natal.

- A taxa de desocupação ainda é muito elevada mas, em 2005, está perdendo força antes. E a leitura desses números leva a crer que, este ano, o ponto de inflexão (quando a taxa começa a cair) pode ocorrer antes - disse Azeredo.

Ao todo, aumentou em 129 mil, de fevereiro para março, o número de pessoas ocupadas (ou seja, trabalhando) nas seis regiões metropolitanas. Só na indústria paulista, foram 73 mil novas vagas. São Paulo foi a única das regiões pesquisadas em que houve aumento de ocupação, de 1,5%, na comparação com fevereiro.

Ipea destaca vagas de maior qualidade, mas teme juros

O desempenho da renda também foi positivo no mês passado. O rendimento médio dos trabalhadores cresceu 0,5% na comparação com fevereiro e 1,7% frente a março de 2004.

O economista Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, destaca que está havendo melhora na qualidade do emprego. Em março, na comparação com o mesmo mês de 2004, as vagas com carteira assinada cresceram 6,2%, num ritmo mais intenso do que a alta de 5,7% nos postos sem carteira. Ele diz que, este ano, poderá haver aumento da formalidade no mercado de trabalho. Mas alerta que o ciclo de alta de juros pode prejudicar a recuperação do emprego.