Título: MINISTRO: PROTESTOS NÃO MUDAM DECRETO SOBRE ÁREA INDÍGENA
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 29/04/2005, O País, p. 3

'A homologação da reserva é um forte ato simbólico', afirma Bastos

BRASÍLIA e BOA VISTA. Pressões e manifestações em Roraima contra a homologação da reserva Raposa Serra do Sol não vão fazer o governo federal voltar atrás na decisão. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem a diversos líderes indígenas, num encontro no ministério, que o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva demarcando as terras em área contínua não será revisto.

- A homologação da Raposa é o grande sinal do compromisso do governo do presidente Lula com a causa indígena. É um forte ato simbólico - afirmou o ministro.

"Não há qualquer espaço para recuo", diz presidente da Funai

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, completou:

- Não há qualquer espaço para recuo. De forma alguma isso vai acontecer - disse o presidente da Funai.

Entidades e líderes do Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas que participam em Brasília das manifestações do Abril Indígena divulgaram nota de apoio à homologação. "Ao contrário do que afirma a elite econômica e política de Roraima, a presença das terras indígenas não prejudica o estado. O que prejudica Roraima é a prática histórica de má administração, grilagem de terras, corrupção e escândalo como o dos gafanhotos", diz a nota.

Em Boa Vista, uma reunião entre os tuxauas da aldeia Flechal e o superintendente da Polícia Federal em Roraima, Francisco Mallmann, sinalizou uma saída pacífica para a liberação dos policiais federais mantidos como reféns. Mallmann saiu otimista do encontro e disse acreditar que o impasse será resolvido ainda esta semana.

Os índios rebelados aceitaram conversar com representantes do Ministério da Justiça, do Gabinete Civil e do gabinete de Segurança Institucional. Numa reunião marcada para 10h de hoje, o presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), José Novaes, vai apresentar reivindicações a serem negociadas em troca da libertação dos reféns. Os indígenas fecharam ontem a pista de pouso da aldeia, temendo o resgate dos policiais. O presidente em exercício da Assembléia Legislativa, Francisco Sales Neto, está na área em busca de entendimento.