Título: DECISÃO SOBRE TRIBUTÁRIA É ADIADA MAIS UMA VEZ
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Fonte: O Globo, 29/04/2005, O País, p. 5

Palocci pede que líderes evitem fatiar votação

BRASÍLIA. Foi adiada para terça-feira a decisão sobre a votação da PEC paralela da reforma tributária. Ontem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniu-se com os líderes da base e os orientou a serem firmes e a evitar a votação fatiada da emenda, como quer a oposição.

Antes da votação, é preciso chegar a um consenso com os governadores sobre a unificação do ICMS e a composição de recursos do Fundo de Desenvolvimento Regional, que será criado para compensar as perdas dos estados com a unificação das alíquotas do ICMS. Segundo os líderes, o governo resiste a elevar os recursos do fundo em R$2 bilhões.

O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), disse achar que a resistência dos governadores do Centro-Oeste, que temem perder receita com a inclusão de produtos agrícolas entre as alíquotas mais baixas de ICMS, pode ser resolvida com o detalhamento das alíquotas em lei complementar. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), após a reunião com Palocci, declarou que é impossível atender a todas as reivindicações dos governadores.

- Se qualquer secretário de Fazenda tiver uma proposta que não aumente a carga tributária, não reduza os investimentos para áreas importantes e consiga atender pleitos de todos os governadores e de todos os prefeitos, será um milagre. É por isso que está tão difícil - disse.

Os líderes governistas que participaram ontem no Palácio do Planalto da reunião com Palocci e com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, voltaram a reclamar do comportamento dos ministros, que não recebem os deputados para tratar dos pedidos de suas bases. Eles também cobraram do ministro da Fazenda a liberação das emendas dos parlamentares ao Orçamento.

Um dos que mais reclamaram foi o líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE). Os líderes argumentaram que suas funções foram esvaziadas e que o governo precisa ajudá-los a recuperar poder para que possam se contrapor ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que tem elaborado a pauta sem consultá-los.

Os líderes também prometeram apresentar um levantamento das bancadas na reunião de terça-feira. Ontem apenas o PP apresentou levantamento: 41 deputados votam a favor do texto do Senado.