Título: CUT E FORÇA GASTARÃO R$5,5 MILHÕES NO DIA 1º
Autor: Adauri Antunes Barbosa/Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 29/04/2005, O País, p. 8

Críticas à política econômica do governo darão o tom das comemorações no Dia do Trabalho

SÃO PAULO. As duas maiores centrais sindicais do país, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, vão polarizar o 1º de Maio na capital paulista com palanques repletos de políticos e artistas e público esperado de um milhão de trabalhadores em cada um dos eventos. As críticas à política econômica vão dar o tom. A Força anuncia que vai bater pesado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto a CUT pretende cobrar mudanças na economia, como a redução dos juros, "mas com respeito", segundo seus dirigentes. Juntas, as duas centrais gastarão R$5,5 milhões nos eventos.

A CUT tentou garantir a presença do próprio Lula nos dois palanques, mas ele participará apenas da Missa do Trabalhador, na Igreja Matriz de São Bernardo do Campo, no domingo de manhã, como faz há anos.

- Lula não vai ter coragem de vir. Nem no nosso ato, nem no da CUT. Ele está muito mal nas bases. Vive trancado no Planalto, quando não está viajando, e acha que resolveu todos os problemas do Brasil - criticou o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

- Se Lula fosse à Avenida Paulista, seria muito bem recebido - rebateu Luiz Marinho, presidente da CUT.

A CUT confirmou, no entanto, que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, participará do evento na Avenida Paulista. Também são certas as presenças do prefeito José Serra (PSDB) e de pré-candidatos ao governo de São Paulo pelo PT - a ex-prefeita Marta Suplicy, o senador Aloizio Mercadante e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha.

Severino e Alckmin no palanque da Força

A comemoração do Dia do Trabalho que a Força Sindical está organizando será um ato de oposição declarada, com a presença de líderes dos partidos que não são aliados do governo. No palanque que montará no Campo de Bagatele, a central vai reunir o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), além de presidentes de partidos da oposição.

- Vamos continuar cobrando a redução dos juros, mas vamos reconhecer que houve uma melhoria nos empregos. Serão tons diferentes, porque a CUT vai cobrar com uma linha propositiva - disse o presidente estadual da CUT, Edilson de Paula.

Para garantir um milhão de pessoas na Avenida Paulista, a CUT contratou, entre outros, Zezé di Camargo e Luciano, Jota Quest, Martinho da Vila, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Exaltasamba. O custo será de R$3,5 milhões, mas incluídos outros cinco eventos populares que a CUT realiza este ano.

Já a Força está investindo cerca de R$2 milhões. Serão 43 atrações, entre os quais Chitãozinho e Xororó, Bruno e Marrone, KLB, Latino e Kelly Key, além de sorteios de dez automóveis, cinco apartamentos e dez aparelhos de TV de 29 polegadas.

- Mais importante que os artistas e os prêmios, é a parte política. Vamos bater forte na questão dos juros, já que o presidente botou a culpa no povo, e nesta cobrança absurda de impostos - disse Paulinho.