Título: Alívio para as empresas
Autor: Aguinaldo Novo, Flávia Barbosa, Mirelle de França
Fonte: O Globo, 27/04/2005, Economia, p. 21

BNDES reduz taxas de financiamento e agiliza crédito para clientes tradicionais

Na contramão da trajetória de alta da Selic - juros básicos da economia, hoje em 19,5% ao ano - e do elevado custo dos empréstimos nos bancos privados, o BNDES anunciou ontem a redução das taxas em parte de suas linhas de financiamento. A queda nos spreads - diferença entre os juros que o BNDES paga na hora de captar e a taxa que cobra das empresas - chegou a 80% no programa para compra de máquinas e equipamentos. A medida fez parte de um pacote que inclui a criação de uma linha especial que tornará quase imediato o acesso ao crédito para clientes tradicionais.

- Estamos estimulando a renovação dos equipamentos e tornando as empresas mais competitivas e produtivas. E estamos cumprindo uma promessa de quando assumimos, de agilizar as operações de liberação de crédito - disse o presidente do BNDES, Guido Mantega.

A principal redução foi no Modermaq, programa de financiamento de máquinas e equipamentos, cujo spread caiu de 1,25% para 0,25% ao ano, reduzindo o custo total de 14,95% para 13,95% ao ano. Também ficou mais barato o financiamento à exportação e para a compra de caminhões.

Já o Programa de Agilização de Crédito para Investimento deixa pré-aprovado um crédito de até R$900 milhões para grandes empresas que já são clientes do banco há pelo menos cinco anos e são boas pagadoras. Pelo menos 50 serão beneficiadas. As micro, pequenas e médias, por outro lado, terão mais recursos para capital de giro.

O pacote surge num momento em que o BNDES registra um modesto desempenho: queda de 10% nas aprovações e de 20% nas consultas no primeiro trimestre, e alta de apenas 10% nos desembolsos.

- Não estamos preocupados com a meta de desempenho, mas em viabilizar um crescimento sustentável. Ninguém pode dizer que anunciamos o pacote porque alguns já anunciam uma desaceleração. Já estávamos estudando essas medidas - afirmou Mantega, que espera um crescimento de 4% na economia este ano.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, comemorou:

- A proposta é boa e vem de encontro à redução nos pedidos de empréstimos que o banco certamente está sentindo, diante da conjuntura de aumento dos juros básicos.

De acordo com o diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), na média as taxas reais (descontada a inflação) para crédito de longo prazo em outras economias emergentes variam de 5% a 6% ao ano. Nos países desenvolvidos, não passam de 3%. No Brasil, o empresário ainda pagará cerca de 9%.

- Foi uma redução modesta, porém representativa - disse o diretor-executivo do Iedi, Júlio de Almeida.

Boris Tabacof, do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), ressaltou a importância de a burocracia ter sido reduzida.

INCLUI QUADRO: AS PRINCIPAIS MEDIDAS DO BANCO