Título: PREFEITURA NÃO ACEITA PROPOSTA DA UNIÃO PARA A CRISE DA SAÚDE
Autor: Adriana Vasconcelos e Fábio Vasconcellos
Fonte: O Globo, 29/04/2005, Rio, p. 17

Pelo plano, ministério assumiria de vez a gestão de 4 hospitais

RIO e BRASÍLIA. A União propôs ontem à prefeitura assumir definitivamente os hospitais municipalizados da Lagoa, de Ipanema, do Andaraí e Cardoso Fontes, hoje sob intervenção federal. Outra idéia é pagar cerca de R$15 milhões, referentes aos salários dos servidores municipais cedidos. Há também a previsão de investimentos de R$93 milhões em cinco hospitais. Em contrapartida, a Secretaria municipal de Saúde teria que iniciar o Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu), além de ampliar o Programa Saúde da Família e ajudar na criação da central de regulação de leitos.

A proposta apresentada para tentar resolver a crise na saúde do Rio não foi aceita pela prefeitura. Embora a considere um avanço para as negociações, o secretário de Saúde Ronaldo Cezar Coelho disse que ainda há dúvidas em relação às medidas sugeridas pelo ministério, que considera a proposta irrecusável. A prefeitura fará uma contraproposta. Ronaldo Cezar argumentou que o governo não disse como vai pagar a dívida de R$135 milhões que a União teria com o município.

Antes de saber da decisão do secretário, o diretor do Departamento de Atenção Especializada do ministério, Arthur Chioro, afirmou que a proposta desonera o município.

Em Brasília, uma audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais do Senado acabou em bate-boca. Ao justificar a intervenção federal nos hospitais do Rio, o ministro da Saúde, Humberto Costa, criticou duramente o prefeito Cesar Maia. O senador Jorge Bornhausen (SC), presidente nacional do PFL, partido de Cesar, chamou Humberto Costa de "ministro vampiro", numa referência à quadrilha que desviava recursos da compra de hemoderivados.