Título: LULA: APESAR DO JURO ALTO, CONSUMO NÃO PÁRA DE CRESCER
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 27/04/2005, Economia, p. 21
Presidente faz nova defesa da política monetária mas acaba usando, sem querer, argumento de críticos do BC
BRASÍLIA. Um dia depois de criticar o comodismo do brasileiro que não "levanta o traseiro" na busca por juros menores nos bancos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a política monetária. Ele disse que, apesar de oito altas consecutivas da Selic, o consumo continua crescendo porque o governo está injetando dinheiro na economia por meio de programas de microcrédito e facilitando empréstimos com desconto em folha. Com isso, sem querer, Lula repetiu os argumentos dos críticos da atuação do BC, que estaria "enxugando gelo". Ou seja: aperta os juros na tentativa de frear a demanda e conter a inflação, mas esbarra na política microeconômica do governo de incentivo ao crédito barato.
- A verdade nua e crua é que a quantidade de dinheiro que está sendo jogada no mercado não estava prevista nos manuais da ordem econômica desse país. E é por isso que, mesmo com a taxa Selic a 19,25% (sic), o mercado continua a crescer, o varejo está crescendo, os supermercados estão vendendo muito. Porque as pessoas estão tendo possibilidade de acesso a dinheiro que antes não tinham - disse Lula, errando ao dizer que a Selic está em 19,25%, quando já foi elevada a 19,5% anuais.
As declarações foram feitas durante o lançamento da Primeira Edição dos Melhores Cafés do Brasil. Lula citou a liberação de dinheiro por meio de crédito consignado, no total de R$13,5 bilhões; programas de microcrédito no valor de R$600 milhões e empréstimos bancários para aposentados a taxas de 1,5% ao mês. Após o evento, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, reafirmou:
- Esses aumentos de juros são nocivos ao país e injustificáveis.