Título: REFORMA NAS CONTAS PÚBLICAS PODERÁ ENTRAR NA AGENDA
Autor: Martha Beck, Gerson C., Regina A., Valderez C.
Fonte: O Globo, 29/04/2005, Economia, p. 21
Secretaria-executiva tende a ganhar força e Appy traria tom mais progressista à política econômica
A mudança na equipe econômica, embora sem trazer qualquer nome estranho aos quadros do governo, pode imprimir um novo papel à secretaria-executiva do Ministério da Fazenda, que estará sob comando de um profundo conhecedor das contas públicas, num momento em que a qualidade dos gastos está em xeque. Murilo Portugal é reconhecido como profissional de grande experiência que, mesmo de Washington, era freqüentemente consultado pelo ministro Antonio Palocci.
Segundo um economista que acompanhou a trajetória de Portugal no FMI, ele poderá dar ao seu novo cargo uma conotação mais política e, ainda, mexer nas contas públicas:
- Será um super vice-ministro. É um grande negociador e poderia assumir um papel de interlocução com o Congresso. Conhece bem o caixa e está em condições de executar reformas nas contas.
Um ex-integrante da equipe econômica destaca que ele tem um perfil muito mais ativo:
- Murilo é um cara que vai entrar para quebrar - afirmou.
Se Portugal pode promover reformas nas contas públicas, Marcos Lisboa, por outro lado, estaria deixando o governo devido à dificuldade de pôr em prática sua agenda de mudanças microeconômicas.
- A relação com o Congresso está difícil e Lisboa é um acadêmico - diz um economista carioca.
A incógnita é se Bernard Appy, cuja atuação até agora foi considerada apagada na secretaria-executiva, ganhará mais voz como formulador de política econômica. Enquanto alguns analistas o vêem como um nome mais fraco que o seu antecessor e também que Portugal, outros acreditam que Appy poderá dar um tom mais progressista à secretaria.
- Lisboa vem de uma tradição ortodoxa e tem profunda convicção acadêmica. Appy é bem mais maleável - diz um técnico do governo.
Para Gustavo Franco, ex-presidente do BC, não há mudanças:
- É seis por meia dúzia.