Título: UNIÃO TERÁ QUE ECONOMIZAR R$ 9,1 BI
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 29/04/2005, Economia, p. 22
Saldo até março foi de 18 bi, mas meta é de 27,1 bi para quadrimestre
BRASÍLIA. O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) terá que fazer uma economia de R$9,1 bilhões em abril para cumprir a meta de superávit primário prevista para os quatro primeiros meses de 2005. Até março, o resultado obtido pelo governo central somou R$18 bilhões, enquanto o previsto para o quadrimestre é de R$27,1 bilhões. O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, no entanto, afirmou ontem que não está preocupado:
- Estamos numa trajetória compatível com a meta.
Em março, o superávit primário do governo central foi de R$7,3 bilhões, o que representa aumento de R$4,7 bilhões em relação a fevereiro. Os responsáveis pelo resultado foram o superávit de R$9,7 bilhões do Tesouro, e os déficits de R$2,3 bilhões da Previdência Social e de R$21,7 milhões do BC.
Déficit da Previdência ficou maior que o esperado
No primeiro trimestre de 2005, o déficit da Previdência Social foi de R$8,6 bilhões. Levy destacou que houve aumento de 17,7% na arrecadação líquida do INSS no primeiro trimestre do ano, enquanto as despesas cresceram 21,3% no mesmo período.
- O aumento das despesas foi menor que o aumento do valor médio dos benefícios pagos. Isso mostra que houve crescimento no número de benefícios - disse o secretário.
Ele também lembrou que o governo não conseguiu cumprir a meta de déficit da Previdência para março. O déficit foi de R$2,337 bilhões, acima dos R$2,209 bilhões programados.
- A questão agora é como recuperar isso ao longo dos próximos meses. Certamente há uma preocupação do governo de que se alcancem as metas da Previdência - disse Levy.
Além das despesas com benefícios previdenciários, o primeiro trimestre registrou aumento de 6,7% nas despesas com pessoal, que passaram de R$20,648 bilhões em 2004 para R$22,041 bilhões. Segundo o secretário, esse aumento está dentro do previsto para o ano.
Já os gastos com custeio e capital subiram 10,3% nos três primeiros meses de 2005 em relação ao mesmo período no ano passado. Os maiores gastos foram com Saúde (R$587,4 milhões), Defesa (R$285,8 milhões) e Educação (R$136,7 milhões).
- De modo geral, vemos algumas pressões sobre as despesas, particularmente com a Previdência. Mas os gastos com pessoal estão com dinâmica sob controle - destacou Levy.
Na próxima semana, será divulgado um estudo sobre a evolução dos gastos do governo com funcionalismo público. Levy adiantou que, entre 2002 e 2004, apenas 640 novos servidores foram admitidos na administração direta. Já o número de comissões cresceu 6% entre 2001 e 2004.