Título: Oito maiores bancos do país cobram as maiores taxas no cheque especial
Autor: Ronaldo D"Ercole e Geralda Doca
Fonte: O Globo, 27/04/2005, Economia, p. 22
Anefac alerta que clientes podem perder vantagens ao mudar de instituição
BRASÍLIA e SÃO PAULO. Os oito maiores bancos brasileiros em termos de ativos, segundo levantamento do Banco Central, que representam cerca de 80% do mercado, estão entre os que cobram as maiores taxas no cheque especial. Segundo o analista financeiro da ABM Risk Gustavo Pedreira, isso mostra que o consumidor não é preguiçoso, mas impotente para pagar juros menores. Segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os brasileiros "não tiram o traseiro da cadeira" para mudar de banco e tentar obter juros menores.
Entre os oito maiores bancos, a maior taxa mensal é a do HSBC (8,16%) e a menor, a da Caixa Econômica Federal (7,36%). O Banco Votorantim cobra apenas 1,62%, mas trabalha essencialmente com grandes empresas.
Além disso, adverte o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, o consumidor pode perder as vantagens conquistadas:
- Ao deixar para trás seu histórico, o correntista não consegue os mesmos limites nem vantagens tarifárias. E isso acontece principalmente com quem tem conta-salário.
ABM: trocar modalidade de crédito é mais eficaz
Clientes com bom histórico também têm direito a pacotes tarifários e, segundo o Procon-SP, a diferença entre estes e as tarifas avulsas pode passar de 200%. O órgão lembra que os novos correntistas também têm de pagar por cartão de débito e talão de cheques. Só a Caixa cobra taxa para abrir conta: R$15. Além disso, muitas lojas recusam cheques de contas abertas há menos de seis meses.
Para Pedreira, da ABM, mais eficaz que mudar de banco seria trocar o cheque especial por uma modalidade de crédito mais barata, como o empréstimo com desconto em folha.