Título: CONTAS EXTERNAS BATEM NOVO RECORDE
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 27/04/2005, Economia, p. 22
Balanço de pagamentos do país teve superávit de US$ 3,5 bi em março
BRASÍLIA. As contas externas brasileiras registraram novo recorde em março embaladas pelo ótimo desempenho da balança comercial. O balanço de pagamentos do Brasil com o exterior (formado pelas transações correntes e pela conta financeira) teve um superávit de US$3,576 bilhões no mês passado e o saldo acumulado no primeiro trimestre chega a US$10,3 bilhões, quatro vezes o valor registrado no mesmo período ano passado. O superávit de US$1,758 bilhão nas transações correntes - que considera o saldo da balança comercial e a conta de serviços - é o melhor resultado para o mês desde o começo da série histórica, em 1947.
O superávit acumulado em 12 meses, de US$12,713 bilhões, equivalente a 2,05% do Produto Interno Bruto (PIB), também é o melhor da série. Já o superávit da balança comercial chegou a US$3,3 bilhões em março, também recorde para aquele mês. O saldo da balança foi suficiente para cobrir o déficit da conta de serviços e rendas, que ficou negativa em US$1,929 bilhão. Em março de 2004, essas despesas chegaram a US$2,112 bilhões.
Quanto melhor o resultado das contas externas, menor a vulnerabilidade de um país a crises internacionais.
- O superávit significativo no balanço de pagamentos decorre do saldo expressivo da balança comercial e também porque a conta de serviços foi menos deficitária do que se poderia esperar - disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes.
O saldo das transações correntes considera ainda as transferências unilaterais de brasileiros que moram no exterior. Em março, essas transferências somaram US$338 milhões e no primeiro trimestre já chegam a US$852 milhões.
Investimento estrangeiro direto soma US$3,4 bi no ano
Os números divulgados pelo BC mostram também, do lado da conta financeira, o crescimento dos investimentos estrangeiros diretos, que somaram US$1,4 bilhão no mês passado, o dobro do valor registrado no mesmo período de 2004. No acumulado de janeiro a março, o saldo de investimentos estrangeiros diretos já chega a US$3,489 bilhões.
Os dados do BC mostram também a redução do endividamento externo do país. De dezembro a janeiro, a dívida externa brasileira caiu US$1,6 bilhão, chegando no total a US$199,8 bilhões. Segundo Lopes, uma das razões é que as empresas estão preferindo resgatar parte de seus débitos no exterior em vez de refinanciá-los.
Já as reservas internacionais cresceram US$2,9 bilhões em março, chegando a US$62 bilhões. O BC realizou compras de US$4 bilhões no mercado doméstico em março, o que contribuiu para o crescimento das reservas.