Título: GUERRA ÀS FONTES DE FINANCIAMENTO
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 01/05/2005, O País, p. 13

BRASÍLIA. Além de combater as novas frentes de desmatamento, o Ibama tenta acabar com a fonte de financiamento dos grileiros e madeireiros clandestinos. Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, entre fevereiro e abril foram apreendidos na região cem mil metros cúbicos de madeira, o equivalente a 2.100 carretas carregadas, nos pátios de madeireiras ilegais. Cerca de 70% no Pará e outros 30% em Rondônia. Foram identificadas e fechadas 57 madeireiras ilegais.

¿ Devemos chegar a 200 mil metros cúbicos até o fim do ano. Essa madeira seria vendida e geraria parte do capital a ser investido no desmatamento em 2005. Significa um baque razoável na indústria que atua na região ¿ afirma Montiel.

A apreensão de madeira retirada ilegalmente nesses três meses foi maior do que os 70 mil metros cúbicos recolhidos em 2003 e os 83 mil metros cúbicos apreendidos ao longo de 2004.

O objetivo da operação é reduzir a taxa de desmatamento na Amazônia que, em 2003, foi de 23.750 quilômetros quadrados. Desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a fazer o monitoramento, em 1989, foram desmatados 635 mil quilômetros quadrados, que equivalem a 16% da Amazônia.

O plano de prevenção e controle do desmatamento foi lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março de 2004, mas a atuação do Ibama na região só começou a ser mais intensa em julho, quando, segundo Montiel, chegaram mais recursos para a fiscalização.

O plano já previa a criação de novas unidades de conservação num total de oito milhões de hectares na região. Apenas na Estação Ecológica da Terra do Meio são 3,4 milhões de hectares e, no Parque Nacional da Serra do Pardo, outros 345 mil hectares.