Título: Problemas entre os dois países
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 03/05/2005, O País, p. 3
MERCOSUL: OS EMPRESÁRIOS ARGENTINOS AFIRMAM SER VÍTIMAS DE UMA INVASÃO DE PRODUTOS BRASILEIROS. O AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS LEVOU O GOVERNO KIRCHNER A IMPOR, EM MEADOS DE 2004, BARREIRAS AOS ELETRODOMÉSTICOS PROVENIENTES DO BRASIL. APÓS MESES DE NEGOCIAÇÕES, OS EMPRESÁRIOS BRASILEIROS ACEITARAM LIMITAR VOLUNTARIAMENTE SUAS VENDAS DE FOGÕES, GELADEIRAS E MÁQUINAS DE LAVAR. NO ENTANTO, O GOVERNO KIRCHNER INSISTE NA NECESSIDADE DE IMPLEMENTAR MECANISMOS AUTOMÁTICOS DE EQUILÍBRIO DO COMÉRCIO PARA PROTEGER AS INDÚSTRIAS DE SEU PAÍS. A PROPOSTA, APRESENTADA EM SETEMBRO DO ANO PASSADO PELO MINISTRO DA ECONOMIA, ROBERTO LAVAGNA, DURANTE UMA VISITA A BRASÍLIA, FOI REJEITADA PELO GOVERNO LULA, QUE CONSIDERA QUE UMA INICIATIVA COMO A QUE FOI PROPOSTA PELA ARGENTINA FERE OS PRINCÍPIOS DO MERCOSUL. FMI: Desde que chegou ao poder, em maio de 2003, o presidente Néstor Kirchner adotou uma atitude de extrema dureza em suas negociações com o Fundo Monetário Internacional, embora nunca tenha deixado de pagar a dívida da Argentina com o organismo. Durante momentos de tensão entre a Argentina e o FMI, o governo Kirchner lamentou a ausência de sinais explícitos de apoio por parte do governo brasileiro.
DÍVIDA: Durante o processo de renegociação da dívida pública argentina ¿ o país reestruturou 76,15% dos US$81,8 bilhões envolvidos no calote decretado em dezembro de 2001 ¿ o governo Kirchner não recebeu o respaldo esperado por parte do Brasil, que adotou uma estratégia mais cautelosa no que diz respeito aos organismos internacionais de crédito e a seus credores.
OMC: O governo do presidente Kirchner manifestou seu apoio ao candidato do Uruguai, Carlos Pérez del Castillo, à secretaria-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC). O Brasil apresentou a candidatura do embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa.
ONU: A Argentina se opôs à criação de novas vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU, como defende o Brasil. Na visão do governo Kirchner, a criação de novas vagas permanentes provocará desequilíbrios na região e alimentará novas hegemonias.
EQUADOR: O governo argentino pôs em xeque o rápido envio de uma missão da Comunidade Sul-Americana de Nações a Quito, chefiada pelo chanceler Celso Amorim. Para a Argentina, a crise política equatoriana deveria ter sido tratada apenas no âmbito da Organização de Estados Americanos (OEA).
VENEZUELA: O presidente Kirchner considera que o governo brasileiro busca assumir um papel de protagonista no conflito entre o presidente Hugo Chávez e a Casa Branca.
EMPRESAS: A compra de grandes empresas nacionais como a Pérez Companc, adquirida em 2002 pela Petrobras, é vista com preocupação pelo governo argentino, que teme que empresas brasileiras controlem setores chave da economia argentina.