Título: DIRCEU DIZ QUE ELEIÇÃO DE SEVERINO FOI ERRO MAIS GRAVE DO GOVERNO ATÉ HOJE
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 30/04/2005, O País, p. 11
'Não fomos capazes de ter um candidato só e vencer', afirmou o ministro
MONTEVIDÉU. No mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva referiu-se, em Brasília, à eleição do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), como um dos três erros cometidos por seu governo, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou em Montevidéu que a derrota na Câmara "talvez tenha sido o mais grave erro que nós (o PT) cometemos até hoje".
- A eleição de Severino é uma decisão democrática da Câmara, não podemos tirar sua legitimidade. Nós termos perdido, o PT, foi um erro grave. Nós é que não fomos capazes de ter um candidato só e vencer. Talvez tenha sido o mais grave erro que cometemos até hoje - disse o Dirceu, após debater com representantes dos governos de Argentina, Chile e Uruguai a situação política regional no Encontro de Partidos Progressistas do Cone Sul.
Dirceu também contestou as acusações feitas por Severino à ação do governo no Congresso. O presidente da Câmara acusara o governo de provocar um "fechamento virtual" do Congresso e chegou a comparar a situação atual com a da ditadura. As votações estão trancadas por dez medidas provisórias e pela falta de acordo entre governo e Congresso para a votação da segunda etapa da reforma tributária. Segundo Severino, o governo quer evitar que a reforma tributária seja fatiada.
- Isso é retórica. Nem aumentou o número de medidas provisórias nem diminuiu a qualidade das medidas. O que acontece é que mudou a sistemática. O presidente Fernando Henrique emitia medidas provisórias e elas ficavam quatro ou cinco anos sendo reeditadas. Não existe mais isso. Não tem nada a ver com a ditadura, o Brasil é um país que nunca teve tanta democracia, tanta parceria entre sociedade civil e Estado. Parlamento é democracia; se não tem maioria, não vota. Mas daqui a pouquinho vai votar - disse ele.
Dirceu também mostrou preocupação com o debate sobre o aumento dos juros e da inflação. Segundo ele, a política de juros é decisão do Banco Central, que é autônomo:
- A autoridade monetária deve combinar o combate à inflação com nível de manutenção de emprego e crescimento. Se não faz isso, o governo tem de fazer. O governo faz tudo para manter o crescimento do emprego e da economia, a autoridade monetária combate a inflação.