Título: As acusações contra os deputados
Autor: Isabel Braga e Maria Lima
Fonte: O Globo, 04/05/2005, O País, p. 3

O episódio envolvendo o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), ocorreu em 2003 e há provas contundentes. Gravações telefônicas, feitas com ordem judicial, flagraram Corrêa em conversas comprometedoras com o empresário Ari Natalino, do ramo de combustíveis. Os grampos mostraram o envolvimento do deputado e de empresas de sua família com Natalino, apontado em investigações como um dos chefes da máfia de adulteração de combustíveis no país.

Natalino foi indiciado nas CPIs do Narcotráfico e do Roubo de Cargas. Numa das conversas gravadas, o deputado presta contas ao empresário sobre as negociações com a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Com base na investigação, o nome de Corrêa foi incluído no relatório da CPI da Pirataria, concluída em 2004. O deputado, seus filhos Fábio e Aline, e seu genro, José Antônio Neuwald, são citados como suspeitos de integrar uma rede de contrabando e falsificação de cigarros.

ANDRÉ LUIZ

O deputado federal André Luiz é acusado de ter tentado extorquir R$ 4 milhões do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Gravações de conversas entre o parlamentar e emissários de Cachoeira mostrariam negociações de propina para que o nome do empresário fosse retirado do relatório final da CPI da Loterj, na Assembléia do Estado do Rio.

Nas gravações feitas por emissários de Cachoeira, André Luiz, que já foi deputado estadual, alegava ainda ter influência na Casa, onde teria um grupo de parlamentares da sua confiança. Laudo do perito Ricardo Molina atestou que a voz nas fitas é de André Luiz.

O deputado estadual Alessandro Calazans (sem partido) foi o presidente da CPI da Loterj e também teve uma conversa gravada por emissários de Cachoeira. Nela, ele usa a palavra andorinha, que seria uma referência a dinheiro. Ele negava esse referência.

No mês passado, depois de cinco meses de investigação, articulações políticas e de quase três horas de votações, 37 deputados da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) votaram contra a cassação de Calazans, acusado de quebra de decoro.

Apenas 25 parlamentares votaram a favor da cassação, um voto foi nulo e outro em branco. Apesar do placar, o Ministério Público estadual ainda investiga o caso.