Título: CONSUMO DE HEROÍNA PODE CRESCER NO PAÍS
Autor: Antonio Werneck
Fonte: O Globo, 03/05/2005, Rio, p. 16

Especialista adverte que a produção da droga aumentou

A recente apreensão de 11 quilos de heroína no Rio e a descoberta dos primeiros dependentes da droga na cidade, como revelou ontem reportagem do GLOBO, mostram que o consumo vem aumentando e pode crescer ainda mais. A análise é da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (Abead).

¿ O consumo de heroína no Brasil pode aumentar com o crescimento da produção de papoulas pelos países andinos nos últimos anos. Isto facilita a chegada dessa droga ao mercado brasileiro ¿ explicou a presidente da Abead, Ana Cecília Marques.

Segundo pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), 21,1% dos entrevistados tiveram a percepção de que obter heroína no Brasil era fácil. Na semana passada, o crescimento da produção de heroína foi assunto da pauta durante visita da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.

Colômbia é o principal fornecedor dos EUA

Apesar de investimentos da ordem de US$3 bilhões (dinheiro destinado ao país pelo Plano Colômbia), os Estados Unidos não conseguiram deter a oferta de drogas em cidades americanas. Segundo o próprio governo americano, traficantes colombianos ainda fornecem 90% da cocaína e 50% da heroína consumidas nos EUA.

De acordo com a presidente da Abead, as pessoas que procuram por heroína enfrentam, quase sempre, problemas no convívio social como, por exemplo, o desemprego, ou estão envolvidas com a criminalidade. Entre os malefícios provocados pela droga estão: paralisia do estômago e intestino, problemas respiratórios, cardíacos e perda da consciência. O dependente da heroína não precisa necessariamente ter sido usuário de outras drogas.

¿ A dependência da heroína é fácil, mas o processo para livrar o organismo desta substância é doloroso. É comum o dependente sentir náuseas e vômitos, diarréia, câimbras, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal. Esses sintomas podem durar até 12 dias ¿ explica Ana Cecília.