Título: CALOTE LEVA LOJAS A RECUSAREM CHEQUE
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 03/05/2005, Economia, p. 22

Indicador de inadimplência aumentou 24,5% em março, segundo Serasa

Diante da alta da inadimplência, algumas lojas estão recusando os cheques do cliente ¿ que, então, se vê obrigado a pagar suas compras por meio de cartões de crédito ou débito. Um exemplo é a Toy Mania que, desde abril, não aceita mais cheques de novos fregueses.

¿ A cada dez cheques, dois eram cheques sem fundo ou sustados. Daí, só aceitamos cheques de clientes cadastrados ¿ diz Paulino Ferreira, gerente da loja do Rio Sul.

A loja de sapatos Andarella, por sua vez, aceita cheques, mas o emitente deve ter, pelo menos, seis meses de conta no banco.

¿ A loja não quer perder clientes, mas se protege. Por isso, estimulamos o uso do cartão: o parcelamento é menos atrativo quando feito em cheque ¿ diz Sandra Pinho, gerente da loja do NorteShopping.

Para José Antônio Praxedes, vice-presidente da Telecheque, lojas que não aceitam cheques correm o risco de afastar a clientela. Ele justifica isso com números:

¿ Em 2004, os cheques movimentaram cerca de R$1,1 trilhão, contra R$103 bilhões do cartão de crédito. Para controlar a inadimplência, é preciso ter critérios mais rígidos.

A reação das lojas, porém, não é à toa. Levantamento da Serasa mostra que o Indicador de inadimplência da pessoa física aumentou 24,5% em março, na comparação com fevereiro. Em relação a março de 2004, a alta foi de 16,2%.

Os cheques sem fundo ficaram em segundo lugar como fonte de inadimplência no período, com participação de 34% e valor médio de R$501,80. Em março de 2004, os cheques eram 36% da inadimplência e cartões e financeiras, 33%.

Na comparação com março de 2004, a Serasa mostra que o valor dos cheques devolvidos por falta de fundos cresceu 20,3%, a quantia devida aos bancos subiu 11,1% e os gastos não pagos com cartões e financeiras cresceram 9,7%. O valor médio dos títulos protestados aumentou 11,5%.

Para o economista André Chagas, é hora do consumidor analisar o orçamento e replanejar as contas:

¿ É preciso cautela tanto por parte do varejo quanto das indústrias que dependem do crédito para vender os produtos.

COLABOROU Cleide Carvalho, do Globo Online