Título: EMPRESÁRIOS BRASILEIROS NÃO PODEM SE CONSIDERAR `COITADINHOS¿, DIZ LULA
Autor: Ricardo Galhardo e Flavio Freire
Fonte: O Globo, 03/05/2005, Economia, p. 26

Presidente lembra que fim de barreiras a artigos chineses foi previsto em 94

SÃO PAULO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o país deve se preparar para enfrentar a concorrência internacional em vez de ficar simplesmente se lamentando. De acordo com Lula, os brasileiros não podem se considerar ¿coitadinhos¿. O presidente fez a declaração ao comentar as reclamações de empresários do setor têxtil contra a queda das barreiras contra produtos chineses.

¿ A entrada dos produtos chineses no Brasil não tem nada a ver com a recente aliança entre Brasil e China. Tem a ver com a rodada (da Organização Mundial do Comércio) no Uruguai, em 1994, que estabeleceu para 2005 o fim da quota. E nós, em vez de ficarmos chorando, temos que nos preparar. É preciso que a gente pare de se achar coitadinho ¿ afirmou Lula, na festa de cinco anos do jornal ¿Valor Econômico¿, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O presidente também citou os empresários que reclamam da política cambial do governo ¿ que, segundo eles, pode afetar as exportações.

¿ São os mesmos que no passado pediam o câmbio flutuante ¿ disse Lula.

Também presente, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que o governo precisa eliminar a burocracia, oferecer segurança jurídica e dar um marco regulatório seguro para que empresas e organizações invistam cada vez mais no país. Ao discursar na sede da Fiesp, Dirceu afirmou também que o mercado internacional tem sido decisivo para o crescimento econômico brasileiro.

¿ Mas precisamos ainda aumentar a taxa de investimentos no país. O BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil têm o seu papel, mas quem tem o papel principal são os empresários.

Já o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pontuou seu discurso com um balanço sobre a economia no governo Lula. Segundo ele, o país vive um momento de economia solidificada, com geração de postos de trabalho, aumento da renda e eficiência dos setores produtivos:

¿ Cumprimos muitas de nossas metas, e o crescimento da economia e da poupança interna mostram que estamos no caminho certo.