Título: Índices de metade dos crimes cresceram
Autor: Gustavo Goulart
Fonte: O Globo, 04/05/2005, Rio, p. 14

A incidência de cinco dos dez tipos de crimes destacados pela Secretaria de Segurança em seu Boletim Mensal de Monitoramento e Análise aumentou em janeiro e fevereiro passados, em comparação com os mesmos meses em 2004. De acordo com os dados divulgados ontem, as cinco modalidades que registraram crescimento foram homicídios, roubos e furtos de veículos, assaltos a banco, a transeuntes e em ônibus.

Em números absolutos, o item que registrou o maior aumento foi assalto a transeuntes, em fevereiro: foram registrados 1.431 casos em 2004 contra 2.536 este ano (77,2% a mais).

Em janeiro, o índice que mais cresceu, em números absolutos, também foi assalto a transeuntes. Enquanto em janeiro de 2004 ocorreram 1.384 casos, no mesmo mês deste ano foram 2.424 registros (75,1% a mais). Roubos em ônibus continuam sendo uma preocupação da polícia. O aumento do número de casos, comparando-se os meses de janeiro deste ano com o de 2004, foi de 126% (ou 291 registros a mais). No ano passado foram 231 casos. Este ano, 522.

O número de homicídios dolosos também apresentou aumento. Foram 29 casos a mais (em janeiro de 2004 a polícia registrou 578 casos contra 607 no mesmo mês este ano).

Roubo de carga apresentou redução de sete casos, enquanto o número de assaltos a residências caiu 8,5%. No item assaltos a estabelecimentos comerciais, houve redução de 33 casos.

Em fevereiro, o segundo crime que mais cresceu, atrás de assaltos a transeuntes, foi roubo em ônibus. Em 2004 foram 302 casos contra 482 este ano, um crescimento de 180 registros (ou 59,6%)

O número de homicídios dolosos cresceu 14,6% (foram 79 casos a mais). Em fevereiro do ano passado, foram registrados 540 casos contra 619 este ano. O número de assaltos a banco também cresceu. Foram registrados nove casos em fevereiro deste ano contra um em 2004. Roubo e furto de veículos aumentaram 8,3%. Foram 3.873 casos em fevereiro do ano passado contra 4.195 este ano.

Houve um aumento também no número de seqüestros relâmpagos. Em fevereiro deste ano foram nove casos e no mesmo mês do ano passado, quando este crime começou a ser divulgado no Diário Oficial, foram registrados dois.

Durante a entrevista em que apresentou os números, na presença de especialistas em segurança pública e universitários, a presidente do Instituto de Segurança Pública, Ana Paula Miranda, anunciou que a partir deste mês os registros da PM também serão analisados.

¿ Não houve mudança na metodologia da análise. A novidade é a criação do banco de dados integrado das polícias Civil e Militar. Os registros feitos pela PM, mesmo os que não sejam encaminhados às delegacias, entrarão na análise.

Outra novidade, implementada em janeiro, foi a análise dos registros de ocorrência pela Corregedoria da Polícia Civil. O corregedor Paulo Passos, que participou da entrevista, disse que já foram encontrados problemas em dez registros nos quais havia diferença entre a tipificação do crime e o que realmente ocorrera. Ele citou, como exemplo, casos de roubo que foram registrados como furto. Segundo Passos, se for constatada a tentativa de maquiagem de registros, os delegados serão punidos.