Título: ÓLEO JÁ AFUGENTOU PEIXES E AVES
Autor: Patrícia Faria
Fonte: O Globo, 30/04/2005, Rio, p. 16

Há quatro dias, desde o vazamento de mais de 60 mil litros de diesel, peixes, siris e aves desapareceram dos manguezais às margens do Rio Caceribu, na APA de Guapimirim. Estão, segundo os pescadores, fugindo do cheiro forte do óleo que toma conta da região. Até o momento, segundo o diretor da APA, Breno Herrera, só uma tartaruga apareceu morta às margens do rio. O animal vai ser examinado no laboratório de biologia da UFF.

Técnicos das empresas que estão trabalhando para a FCA na retirada do óleo coletaram amostras de água para análise química e biológica. As amostras serão estudadas pela UFF e por dois laboratórios particulares. Os primeiros resultados devem sair no início da semana. Ao navegar pelo Caceribu ontem, Herrera constatou indícios de que o diesel está entrando nos pequenos canais que ligam o rio ao Guaraí-Mirim e por isso orientou a instalação de barreiras de absorção em todas as vertentes.

O gerente-geral de Prevenção de Risco da FCA, José Geraldo Azevedo, disse que os técnicos estão trabalhando 24 horas por dia. Em Itambi, a empresa contratou a R$40 por oito horas de trabalho por dia 17 pescadores para auxiliar no trabalho. Com roupas apropriadas, eles ensacam as plantas aquáticas retiradas por uma escavadeira. Por causa do cheiro forte do óleo, alguns ficaram tontos e se sentiram mal.

Para atenuar os problemas causados pela suspensão da pesca por dez dias, a FCA começou a distribuir ontem 1.250 cestas básicas de 18 quilos para os pescadores. O juiz Mauro Luiz Barboza concedeu ontem liminar obrigando a FCA a fornecer aos pescadores prejudicados um salário-mínimo por mês até que possam voltar ao trabalho.