Título: Jornalismo, profissão arriscada na AL
Autor:
Fonte: O Globo, 04/05/2005, O Mundo / Ciência e Vida, p. 36
A liberdade de imprensa é geralmente respeitada na América Latina, mas simplesmente não existe em Cuba, é freqüentemente violada na Colômbia e enfrenta leis restritivas na Venezuela, informa o relatório anual da organização Repórteres sem Fronteiras, divulgado ontem, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.
Além disso, o trabalho jornalístico se tornou mais perigoso em 2004, com a morte de 12 pessoas no exercício da profissão no continente, contra sete em 2003. Segundo a organização, os países mais perigosos para se trabalhar são Colômbia, México, Brasil e Peru. Em todo o mundo, foram 53 mortes, o número mais alto em dez anos.
Cuba, único na América Latina a prender jornalistas
Cuba é o único país do continente com jornalistas presos. Embora sete tenham sido libertados em 2004, ¿a situação continua desastrosa¿, diz o relatório, com 22 profissionais atrás das grades. Isso coloca o país em segundo lugar no mundo em número de prisões, depois da China. Segundo o relatório, ¿toda crítica ao regime de Fidel é crime¿ e apenas a mídia oficial é permitida.
Embora a morte de profissionais tenha caído para dois casos em 2004 ¿ a média era de cinco por ano ¿ a Colômbia continua sendo o país mais perigoso no continente para o exercício da profissão. Traficantes de drogas, grupos armados e políticos corruptos impõem à imprensa uma lei do silêncio. O relatório destaca que raramente os assassinos são presos.
A organização chama a atenção ainda para leis antimídia na região, observando que a Venezuela endureceu a legislação sobre o assunto após a vitória do presidente Hugo Chávez no referendo de agosto, que confirmou seu mandato. Vários jornais e canais de TV foram fechados por ordem do governo.
Em todo o mundo, em janeiro havia 107 jornalistas presos, (26 deles na China). Denunciar a corrupção em cargos públicos ou investigar grandes crimes foi fatal para jornalistas em Bangladesh, Filipinas e Sri Lanka. Mas o país mais perigoso continua sendo o Iraque: nele morreram 19 profissionais em 2004 e mais de 15 foram seqüestrados. No Brasil, dois jornalistas foram mortos: um na fronteira com o Paraguai e outro em Pernambuco.
RSF critica Lula por caso contra repórter do `NYT¿
A organização criticou ainda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ordenar o cancelamento do visto de Larry Rother, do ¿New York Times¿ ¿ medida que depois foi revogada. Rother fez reportagem que tratava de uma suposta preocupação nacional com o consumo de bebida alcoólica pelo presidente.