Título: CHAPECÓ DEVE MEIO BILHÃO AO BNDES
Autor: Giuliano Ventura
Fonte: O Globo, 02/05/2005, Economia, p. 17

Banco é o maior credor da empresa catarinense, que teve falência decretada

FLORIANÓPOLIS. A falência bilionária da Chapecó Alimentos, decretada na semana passada, deixou um rombo de R$560 milhões nos cofres do BNDES. O banco público era, ao mesmo tempo, maior credor e sócio da empresa comandada desde 1999 pelo grupo argentino Macri, responsável pela quebra dos Correios do país vizinho. Em crise há uma década, a Chapecó entrara em concordata em janeiro de 2004, num processo agora considerado fraudulento pela juíza Rosane Portella Wolff, titular da 3ª Vara Cível de Chapecó, no oeste catarinense:

¿Não resta dúvida de que o pedido de concordata é uma farsa. A situação das companhias era e é de total insolvência. No início informavam débitos de aproximadamente R$700 milhões, sendo que hoje já informam tratarem-se estes de aproximadamente R$1 bilhão!!¿

Os diretores Celso Schmitz e Tanea Vedana foram afastados. O advogado Édson Favero foi nomeado síndico da massa falida. Ele ficará responsável pela venda das quatro unidades da empresa em Chapecó e Xaxim (SC), Santa Rosa (RS) e Cascavel (PR), atualmente arrendadas para outras agroindústrias. Calcula-se que os ativos valham no máximo R$175 milhões.

Segundo a sentença, os diretores do BNDES que concederam os empréstimos ao grupo Macri durante o governo passado têm muitas explicações a dar, assim como os controladores argentinos, acusados de ¿abandonarem a empresa em sua fase final¿. O BNDES não quis comentar a sentença.