Título: Taxas de administração de fundos de investimento variam até 85%
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 02/05/2005, Economia, p. 18

Levantamento feito pelo site Fortuna mostra diferenças de cobranças

Você sabe quanto seu fundo cobra de taxa de administração? Boa parte dos investidores não tem por hábito informar-se sobre a taxa que os bancos cobram sobre as aplicações financeiras. Mas deveria. Um levantamento feito pelo site Fortuna, a pedido do GLOBO, mostra que, numa mesma instituição, fundos similares cobram taxas com diferença de até 85%, dependendo do mínimo da aplicação. Em alguns casos, fundos parecidos, com a mesma aplicação inicial, têm taxas distintas, o que gera resultados diferentes para o investidor, dependendo do produto escolhido.

O estudo levou em conta fundos considerados conservadores, como DI, renda fixa e curto prazo, em que a baixa rentabilidade associada a altas taxas de administração reduz ainda mais o ganho final. Foram monitorados 106 fundos de bancos de varejo, com mínimo de aplicação até R$50 mil.

Diferença de 45% nas taxas de uma mesma instituição

A taxa mais alta pertence ao Bradesco Curto Prazo Versátil: 11% ao ano. O fundo ¿ que aplica em papéis do governo com vencimento em até um ano ¿ cobra aplicação mínima de R$100. A mesma instituição tem na prateleira o Bradesco Fácil Curto Prazo, também com mínimo de R$100, mas a uma taxa de 6% ao ano. A diferença de 45% nas taxas aparece na rentabilidade: enquanto o primeiro fundo acumula ganhos de 4,56% nos 12 meses encerrados em março, o segundo, com taxa mais baixa, rendeu 7,68%.

¿ É preciso garimpar antes de investir. Quem aplica em fundos conservadores e, portanto, têm baixa rentabilidade, não pode se dar ao luxo de pagar altas taxas de administração. Pesquisando, é possível ver que, na maioria das instituições, fundos com o mesmo tipo de aplicação têm taxas bem diferentes. Então, por que pagar mais? ¿ questiona Marcelo D¿Agosto, autor do livro ¿Como escolher o melhor fundo de investimento¿.

O Citibank também está no topo da lista dos fundos com taxas mais salgadas, com diferença de cerca de 85%. O Citidaily Plus, um DI, cobra taxa de 8% e aplicação mínima de R$50. Em 12 meses, o ganho ficou em 7,78%. Já o Citi Special DI tem taxa de 1,25% e mínimo de R$35 mil. Este teve rendimento de 15,08% no período.

Não ficaram de fora nem bancos oficiais, como a Caixa Econômica. O Caixa Azul Renda Fixa Longo Prazo tem taxa de 3% enquanto o Caixa Investidor Renda Fixa Longo Prazo cobra 0,75%. Com isso, o primeiro (com R$100 de aplicação) rendeu 13,17% em 12 meses e o segundo (mínimo de R$50 mil), 16%. Bradesco, Citibank e ABN Amro Real não quiseram fazer comentários.

Custo fixo torna mais cara aplicação de baixo volume

Wilson Risolia, vice-presidente de Ativos de Terceiros da Caixa, justifica a diferença:

¿ Fundos com aplicação menor têm custo mais alto para o banco. Gastos com assembléias, extratos, comunicados e atendimento fazem a taxa subir quando rateada pelo baixo valor aplicado. Em fundos mais caros, a taxa é diluída.

Paulo Vaz, diretor-executivo da Unibanco Asset Management (UAM), faz coro:

¿ Há um custo fixo para processar dados e resgatar cotas. Além disso, com aplicação alta ou baixa, o trabalho de venda do fundo é o mesmo. Isso gera uma taxa mais pesada para fundos com aplicação muito baixa.

Mas e quando o mínimo de aplicação é igual?

¿ Tem que se analisar caso a caso. Há, com certeza, motivos para a diferença de taxas. O cliente tem que pesquisar ¿ desconversa Risolia.

E pesquisar é exatamente o que o publicitário Eduardo Morani fez antes de investir:

¿ A taxa faz diferença na quantia que vem para o meu bolso. Hoje pago 1,4% num renda fixa. Se não pesquisasse, o custo seria bem maior.