Título: CORÉIA DO NORTE E IRÃ VOLTAM A DESAFIAR
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 02/05/2005, O Mundo, p. 19

Norte-coreanos testam míssil e Irã ameaça reiniciar enriquecimento de urânio

WASHINGTON. Na véspera do início das negociações em Nova York para coibir a proliferação nuclear, os dois países que estão mais próximos de fabricar suas próprias armas atômicas, Coréia do Norte e Irã, lançaram novos desafios. O regime de Pyongyang criou novos embaraços ao testar sobre o Mar do Japão um míssil de curto alcance.

O lançamento do míssil, confirmado pela Casa Branca, aconteceu dias depois de uma fonte americana alertar que a Coréia do Norte seria capaz de armar um míssil balístico com uma ogiva nuclear. A esta revelação seguiram-se novas especulações de que o país poderia fazer um teste subterrâneo no próximo mês, acabando com qualquer dúvida sobre sua capacidade nuclear.

A Coréia do Norte quer claramente juntar-se a Israel, Índia e Paquistão no clube das potências nucleares não-declaradas, que formam ao lado de EUA, Rússia, Reino Unido, França e China, as cinco potências ¿oficiais¿ conforme o tratado assinado em 1970.

Aiatolá Ali Khamenei adverte EUA para que se mantenha afastado de programa nuclear

O Irã, que diferentemente da Coréia do Norte é signatário do tratado, disse que as negociações com a União Européia não evoluíram e ameaçou reiniciar o processo de enriquecimento de urânio. Teerã insiste que deseja o combustível nuclear somente para fins pacíficos, mas os EUA acreditam que isso encobriria um projeto secreto para fabricar armas nucleares. O líder espiritual do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, alertou os EUA para que se mantenham afastados do programa nuclear do país.

A crescente tensão com Coréia do Norte e Irã enfatiza as confusas iniciativas antiproliferação e o fracasso dos esforços internacionais para reduzir as ambigüidades do tratado, que não desautoriza especificamente a produção de urânio enriquecido e de plutônio, essenciais para a produção de armas nucleares.