Título: PINGÜIM BR EM FOCO
Autor: André Machado
Fonte: O Globo, 02/05/2005, Informática, p. 1

Software aberto no Brasil é alvo da maior pesquisa já feita sobre o tema num país

Software livre e de código aberto é um assunto que interessa a muita gente (e incomoda também). O que se quer saber, em todas as rodas que discutem bits e bytes, é a quantas anda no Brasil, de fato, este apaixonante ramo da TI. O Ministério da Ciência e Tecnologia e a Softex, junto com a Unicamp, deram um passo importante para responder à questão revelando quinta-feira, em Brasília, os resultados da pesquisa ¿O impacto do software livre e de código aberto (SL/CA) na indústria de software do Brasil¿. O estudo é o maior já feito sobre o assunto num só país e levou um ano para ser completado. Entrevistou via internet 3.657 usuários e desenvolvedores, e levantou informações sobre software livre e open-source em 364 empresas desenvolvedoras e 154 empresas usuárias.

¿ Nosso objetivo foi proporcionar um maior entendimento desse universo, uma base sobre a qual se possam tomar decisões maduras ¿ afirma Giancarlo Stefanuto, coordenador de planejamento e estudos da Softex e coordenador-geral da pesquisa. ¿ É preciso deixar de lado a emoção e a polarização e analisar o software livre e aberto de forma técnica, ver que reais vantagens oferece (veja entrevista na página 2).

Há hoje no Brasil 195 mil servidores e 561 mil desktops rodando o principal sistema aberto, o GNU/Linux. O mercado estimado do sistema do pingüim é atualmente da ordem de R$77 milhões. E o potencial de crescimento, levadas em contas as porcentagens mundiais ao ano e estimativas de empresas como IDC, ficaria entre R$192,5 milhões R$231 milhões (duas vezes e meia a três vezes o atual) até 2008. Usar um sistema open-source, além disso, poderia representar uma bela economia no pagamento de licenças de software ¿ mais ou menos R$85 milhões nos cofrinhos das empresas (e governo) anualmente.

A primeira coisa que se depreende da pesquisa é que o software livre e de código aberto permanece bem longe do desktop, apesar das melhorias nas interfaces gráficas para usuários nos últimos anos. Na verdade, a maioria dos usuários individuais se encontra nas próprias comunidades de software livre e aberto, o que os aproxima do perfil dos programadores em open-source.