Título: JOÃO PAULO QUER ADIAR REFORMA SINDICAL
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 02/05/2005, O País, p. 4
Deputado critica tema na festa da CUT, que é a favor
SÃO PAULO. A reforma sindical, defendida pela maioria dos dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi criticada ontem pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, durante o ato do Dia do Trabalho promovido pela entidade, na Avenida Paulista. João Paulo disse que a reforma poderá causar desgastes ao governo, que enfrenta um momento de instabilidades políticas, e pediu seu adiamento.
¿ O problema não é reformar. A estrutura sindical precisa ser reformada, ninguém discorda disto. O que estou dizendo é que a reforma não deve ser feita neste momento ¿ afirmou João Paulo Cunha.
Para o ex-presidente da Câmara, embora pareça antipático à CUT, que levou a reforma como uma das principais bandeiras de seu ato ontem, o governo precisa pensar também que o processo eleitoral começa a entrar em curso no país e no Congresso. Alguns setores do PCdoB e mesmo do PT acreditam que a reforma sindical pode se tornar moeda de barganha política.
¿ É evidente que o processo eleitoral se aproximando acaba interferindo. Claro que não é só por causa dele, mas efetivamente agrava. O terceiro motivo (para o adiamento) é que a reforma sindical não é de domínio de larga escala da população e dentro do próprio movimento sindical ¿ disse João Paulo.
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, discordou da avaliação do deputado:
¿Temos que trabalhar para aprovar essa reforma sindical porque ela é muito importante e está parada.
O presidente nacional do CUT, Luiz Marinho, reafirmou que a reforma sindical é a prioridade da central este ano.
¿ Vamos fazer a reforma para acabar com a pelegada que atua no movimento sindical ¿ insistiu Marinho, que tratou do assunto no último dia 20 com o presidente Lula.
¿ Tem muita gente no movimento sindical que quer entender um pouco mais da reforma. Arrastar esse debate por este ano todo entrando no ano que vem não é bom. Temos que fazer o contrário: gastar tempo no processo pedagógico, mostrando porque ela é importante, para depois entrar de fato do que vamos fazer ¿ disse João Paulo.