Título: ACORDO PERMITIRÁ VOTAÇÃO DE RELATÓRIO
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 05/05/2005, O País, p. 4

João Paulo apresenta relatório, mas Fleury pediu vista e adiou decisão

BRASÍLIA. Depois de mais um round na briga entre PFL e PT sobre o fim da verticalização partidária, os dois partidos fizeram um acordo e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) apresentou ontem seu relatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o referendo do desarmamento. Mas, como o deputado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP) e outros parlamentares pediram vistas do texto, o relatório só deverá ser votado na próxima terça-feira.

Segundo o presidente da CCJ, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), agora não haverá novo adiamento na apreciação do relatório. Depois do impasse da terça-feira, a queda-de-braço pela inclusão do parecer do referendo na pauta recomeçou com uma tensa reunião no gabinete de Biscaia antes mesmo do início da sessão na CCJ. Ao longo do encontro, os deputados do PT aceitaram as condições impostas pelo PFL, que era atrelar a votação do referendo ao exame do projeto que põe fim à verticalização. O PFL também cedeu e concordou com a votação da reforma política associada ao projeto anti-verticalização, como queria o PT.

Com este entendimento, os dois projetos voltam a ser apreciados na próxima terça-feira. Coube a João Paulo o papel de bombeiro da crise. Percebendo que o impasse seria desgastante para o PFL, mas também para o PT, o deputado conseguiu convencer colegas de partido que o melhor era votar os dois projetos logo.

¿ Acho que na próxima terça ou quarta-feira o parecer do referendo será aprovado ¿ disse João Paulo.

A disputa em torno do projeto anti-verticalização é o primeiro grande embate entre PT e PFL com vistas às eleições presidenciais de 2006. Pela legislação em vigor, que o PT quer manter, os diretórios estaduais dos partidos só podem fazer coligações com partidos aliados nas eleições presidenciais. A proposta, em tramitação na CCJ, que o PFL quer levar adiante, acaba com estas exigências. Com isso, os partidos ficariam sem restrições para fazer arranjos políticos nos estados, sem levar em conta as coligações nas eleições presidenciais.