Título: Capetão: sai do corpo, entra no copo
Autor: Rogério Daflon e Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 14/10/2004, Aposta pesada em Campos, p. 4

Noite de terça-feira, Jardim Primavera, Duque de Caxias. O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) comanda mais um show do projeto Celebrai e convida a platéia a se unir contra o ¿príncipe da mentira¿. Pede votos para o candidato pemedebista a prefeito, Washington Reis. Este, por sua vez, pula com estrelas da música evangélica para ¿expulsar o demônio do corpo do 12¿. O 12, no caso, não é referência bíblica aos Apóstolos, mas ao número de Dica (PDT), candidato à reeleição e adversário de Reis no segundo turno.

Depois da cerimônia, o capeta pode até ter deixado o corpo de Dica. Mas esteve presente em inúmeros copos de plástico que circularam pela platéia. O Capetão Turbinado, batida feita com vodca, leite condensado, chocolate e guaraná em pó, ajudou a elevar o nível alcoólico dos fiéis.

Bebida preferida na barraca André Drinks, que serve até 40 doses por show, o Capetão brilhou numa noite em que o Celebrai, desfalcado, aconteceu sem a presença do presidente do PMDB, Anthony Garotinho, da governadora Rosinha Matheus e da filha do casal, Clarissa. Sem as atrações principais no palco, houve cantoria paralela numa lanchonete próxima à platéia. No videokê, um grupo de meninas cantava ¿Baba¿, de Kelly Key. E muitos fiéis do sexo oposto abandonaram o Celebrai para ir cultuar outra coisa com as moças. Com o Capetão na mão, é claro.