Título: Chile se distancia da América Latina
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 14/10/2004, Economia, p. 25
País com maior histórico de ajuste fiscal e distribuição de renda menos desigual do que no resto dos países da América Latina, o Chile ganhou uma avaliação em separado do índice global de competitividade. O país ficou na 22 colocação, avançando seis posições em relação a 2003, e bateu Espanha, Portugal, México, França e China.
Na imagem usada pelo economista-chefe do Fórum Econômico Mundial, Augusto López-Claros, é como se o Chile tivesse se separado da região.
¿ O Chile está se aproximando das economias de elite ¿ elogiou ele, lembrando que o país fechou acordos comerciais com EUA e Europa.
O Chile apresenta um contraste marcante com seus vizinhos, que perderam competitividade em 2004. Todas as economias andinas caíram no ranking (Peru e Bolívia perderam dez e 13 posições, respectivamente). A Argentina avançou do 78 para o 74 lugar, mas a base de comparação com os últimos anos é muito fraca.
Ao comentar o desempenho de Chile e Brasil na área tecnológica, López-Claros reconheceu que o tamanho e as desigualdades brasileiros pesam na classificação geral do país:
¿ Se comparássemos São Paulo ou o Sudeste do Brasil com o Chile, os brasileiros se sairiam melhor que os chilenos. É o que acontece com a China. Os chineses de Pequim ou Xangai sempre acham que não lhes damos o devido crédito, mas levamos em conta dados de todo o país, inclusive a Região Oeste, que é muito atrasada.
EUA e China também mereceram comentários extras. Há dúvidas sobre o fôlego da recuperação da economia americana. Apesar da supremacia tecnológica, os EUA têm um déficit público explosivo que demandará medidas duras. Já as previsões para a China são positivas, mas há a queixa de que falta transparência nos atos do governo e confiabilidade nos bancos e na Justiça. ( Aguinaldo Novo e Claudia dos Santos )