Título: CASO DOROTHY: AGRICULTORES TÊM PRISÃO DECRETADA
Autor: Ismael Machado
Fonte: O Globo, 05/05/2005, O País, p. 14

Pastoral teme que prisão de testemunha atrapalhe o processo

BELÉM. Seis agricultores ligados aos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) defendidos pela missionária Dorothy Stang tiveram a prisão decretada pela Justiça do município de Pacajá, no Pará. Todos são acusados de envolvimento no assassinato de Adalberto da Silva Leal, conhecido como ¿Cabeludo¿, no dia 12 de fevereiro, mesmo dia em que Dorothy Stang foi morta.

Um dos acusados está preso desde o domingo. É o agricultor Luiz Moraes de Brito, um dos principais aliados da missionária nos PDS de Anapu. Segundo o delegado superintendente regional do Xingu, Pedro Monteiro, uma testemunha ocular identificou Brito como um dos envolvidos no assassinato de Cabeludo.

O motivo do crime teria sido vingança. Revoltados com o assassinato de Dorothy Stang, os agricultores resolveram matar Cabeludo. Ele era funcionário de Amair Feijoli da Cunha, que está preso na região metropolitana de Belém, acusado de ser o intermediário do crime.

Mas a Comissão Pastoral da Terra e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos crêem que a prisão de Luiz Moraes de Brito reforça o argumento de se passar a investigação do assassinato da freira para a esfera federal. As entidades sustentam que o delegado requereu a prisão preventiva de pessoas indicadas como Luís de Tal ou Claudio de Tal. Assim, ele pôde escolher contra quem fazer valer a ordem de prisão.