Título: BENEFÍCIO AO EXPORTADOR
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 05/05/2005, Economia, p. 35

Barreiras ao Brasil ficarão mais evidentes

BRASÍLIA. O acordo fechado em Paris é uma vitória de países como o Brasil, que se sentiam ludibriados nas negociações agrícolas porque as tarifas em discussão eram parciais, ou seja, não refletiam as reais barreiras nos EUA e na União Européia contra os produtos brasileiros. Com isso, mesmo que esses países fizessem uma concessão aparentemente grande, o Brasil continuava prejudicado, pois fatores externos às alíquotas de importação ficavam mascarados.

Como o mecanismo criado ontem deve dar transparência às negociações, o chanceler Celso Amorim disse que o acordo pode destravar a Rodada de Doha, parada devido ao impasse na área agrícola. Nas novas bases, o maior interesse do Brasil é a oportunidade de exportar carnes de frango, bovina e suína, açúcar, álcool, arroz, trigo, milho, leite em pó, queijos, suco de laranja e fumo.

O Brasil queria converter as tarifas específicas em ad valorem, ou seja, incluir todos os entraves às exportações numa única taxa, sobre a qual será aplicada uma fórmula de redução. Ou seja, se a sobretaxa de um produto é de US$400 a tonelada (tarifa específica) e a tarifa de importação, de 20%, será apurada uma alíquota única. Os cálculos consideram a diferença entre o preço individual pago pelo país importador e o do mercado internacional. Por exemplo: se o preço europeu de importação de cortes desossados de frango é de US$2,15 o quilo e sua cotação mundial, de US$0,84, é a diferença de 156,2% que servirá de base para a negociação. (Eliane Oliveira)