Título: DÓLAR VOLTA A CAIR E FECHA A R$2,467
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 05/05/2005, Economia, p. 37
Saldo estrangeiro em Bolsa tem o pior resultado do Plano Real: fica negativo em R$1,907 bi
Pelo segundo dia consecutivo, o dólar encerrou os negócios abaixo dos R$2,50. A moeda americana recuou 1,04%, cotada a R$2,467 para venda. É o menor valor desde 8 de maio de 2002, quando o dólar valia R$2,439. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou abril com o pior saldo estrangeiro do Plano Real. No mês passado, o balanço de aplicações de investidores internacionais ficou no vermelho em R$1,907 bilhão. O recorde anterior era de agosto de 1998 (R$1,724 bilhão). Em abril, as compras de ações somaram R$8,16 bilhões, mas as vendas totalizaram R$10,072 bilhões. No ano, porém, o balanço continua positivo em R$853,7 milhões.
¿Após altos lucros obtidos, estrangeiros saíram do país¿
Os estrangeiros bateram em retirada do mercado brasileiro após os elevados ganhos registrados nos primeiros meses de 2005. Vale lembrar que, em fevereiro, diante das altas seguidas da Bolsa, o saldo de investimento estrangeiro na Bovespa foi o maior no Plano Real: R$3,702 bilhões. Mas, em março, já havia ficado negativo em R$1,51 bilhão.
¿ Após os altos lucros obtidos no fim do ano passado e no início deste ano, os estrangeiros preferiram colocar o dinheiro no bolso diante dos temores de um crescimento global menor e também de rumores de aceleração no ritmo de alta dos juros nos EUA. Com o cenário incerto, ninguém quis manter aplicações de risco, por isso, a Bolsa, que marcava 29 mil pontos em fevereiro, despencou para cerca de 25 mil em abril ¿ diz Gustavo Alcantara, gestor de fundos da Mercatto Gestão de Recursos.
Apesar do saldo negativo registrado em março e abril, o analista minimiza os resgates:
¿ No mercado, não há alta nem queda que dure para sempre. Após as altas aceleradas dos últimos meses, já se previa que os estrangeiros reduziriam aplicações. Esse movimento, porém, deve ser revertido em breve, afinal, após as quedas dos últimos meses e diante dos bons resultados apresentados no trimestre, as empresas brasileiras voltaram a ficar atrativas ¿ avalia Alcantara.
Ontem, por exemplo, o baixo preço das ações fez a Bolsa subir 3,07% ¿ apenas uma ação fechou em queda. No mercado de câmbio, o jejum do Banco Central (BC) nas compras de moeda ¿ há quase dois meses o BC não atua no câmbio ¿ e o fôlego demonstrado pelo Brasil no comércio internacional garantiram a queda do dólar. O risco-país caiu 3,4%, para 426 pontos e o Global 40, título mais negociado da dívida externa brasileira, subiu 0,70%, para 115,3% do valor de face.