Título: Moraes: à frente da Febem em SP
Autor: Germano Oliveira
Fonte: O Globo, 06/05/2005, O País, p. 4

Secretário de Justiça vem enfrentando várias rebeliões de menores infratores

SÃO PAULO. Aos 36 anos de idade, o secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, é o mais jovem da equipe do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Foi nomeado em 2002, aos 33 anos, e administra o maior calcanhar-de-aquiles do tucano que pretende disputar a Presidência da República contra o presidente Lula no ano que vem: a Febem.

Moraes acumula a Secretaria de Justiça com a presidência da Febem paulista desde agosto de 2004, quando passou a enfrentar dezenas de rebeliões de menores infratores. Este ano ocorreram 29 rebeliões na Febem em São Paulo, incluindo o motim de cem menores ontem na Unidade Raposo Tavares, quando cinco funcionários foram feitos reféns. Um ficou ferido. Na rebelião de anteontem, em Tatuapé, também com funcionários reféns, 53 pessoas ficaram feridas, incluindo dez menores infratores.

Para secretário, indicação foi vitória pessoal

Moraes não comemorou derrota do governo no Conselho de Justiça

SÃO PAULO. Ao tomar conhecimento que vencera o candidato do governo, Sergio Renault, na disputa pela vaga no Conselho Nacional de Justiça, o secretário de Justiça de São Paulo, Alexandre Moraes, não comemorou o fato de ter imposto mais uma derrota ao governo Lula na Câmara.

Segundo um assessor, Moraes considerou a derrota do governo Lula irrelevante e entendeu a indicação como uma vitória pessoal, uma vez que ele sempre quis participar do conselho, por entender que pode contribuir para melhorar o sistema judiciário brasileiro. Moraes passou a tarde inteira ontem reunido com assessores para tentar resolver o motim na Febem.

A carreira jurídica de Moraes também foi precoce. Aos 23 anos, ele ingressou, por concurso, no Ministério Público Estadual, de onde está licenciado desde 2002 para assumir a vaga no Secretariado de Geraldo Alckmin. Ele foi promotor de Justiça da Cidadania em 1991 e se destacou em 1997 ao denunciar, entre outras coisas, o escândalo do frangogate que envolveu o ex-prefeito Paulo Maluf (1992 a 1996).

Moraes defende o controle externo do Judiciário

Virou secretário do tucano na vaga do PFL, partido ao qual se filiou no início de 2002, exatamente para assumir o cargo na cota do PFL, aliado de Alckmin, que tem Claudio Lembo (PFL) como vice. Moraes é muito ligado a Lembo. Ele deu aulas de direito constitucional na Universidade Mackenzie, presidida pelo vice-governador.

Casado e com três filhos, Moraes é doutor em direito constitucional pela USP. Além de presidir o eterno barril de pólvora da Febem, ele também preside a Fundação Procon, que acolhe denúncias dos consumidores paulistas, e também dirige o Instituto de Terras de São Paulo (Itesp), que negocia com os sem-terra do MST as invasões de terras no Pontal do Paranapanema.

Como jurista, escreveu vários livros, inclusive sobre direito constitucional. Ele defende o controle externo do Judiciário e é ardoroso defensor das câmaras de mediação. Ele entende que as câmaras podem desobstruir os morosos tribunais, negociando o entendimento entre as partes antes das ações abarrotarem as varas judiciais. (G.O.)