Título: LULA COBRA AGILIDADE NA LIBERAÇÃO DE VERBAS
Autor: Regina Alvarez/Luiza Damé
Fonte: O Globo, 06/05/2005, O País, p. 9

Ministros protestam contra cortes e lentidão na execução orçamentária. Gil chegou a falar em deixar o governo

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem uma reunião extraordinária da Junta Orçamentária para cobrar da equipe econômica mais agilidade na execução do Orçamento. Lula recomendou ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que se reúna individualmente com os demais ministros para identificar os gargalos na liberação dos recursos. A atitude de Lula foi motivada pela grita geral na Esplanada contra os cortes no Orçamento e o ritmo lento de liberação de recursos pela área econômica.

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, havia se reunido no dia anterior com o presidente e traçara um quadro dramático da situação de sua pasta. Gil chegou a falar em deixar o governo, mas foi acalmado por Lula, segundo auxiliares do Planalto. Em março, o Ministério da Cultura teve mais de 50% dos recursos contingenciados pela equipe econômica. E até 22 de abril, segundo informações do Siafi, só 4,57% dos investimentos autorizados do Ministério da Cultura tinham sido executados.

As reclamações contra os cortes são generalizadas. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, teria posto o cargo à disposição há menos de um mês, em protesto contra a falta de recursos para tocar obras prioritárias como a recuperação de estradas. Depois disso, Lula determinou que esses recursos fossem liberados num ritmo que não prejudique as obras, mas a execução dos investimentos na área de Transportes ainda é muito baixa: só 0,43% até o dia 22 de abril.

Na reunião da Junta Orçamentária - que tem a participação dos ministros da área econômica e do chefe da Casa Civil, José Dirceu - Paulo Bernardo informou ao presidente Lula que, mesmo com todos esses problemas, o ritmo de execução do Orçamento estava melhor do que no ano passado. Teriam sido gastos R$3 bilhões a mais em relação ao mesmo período de 2004. Ainda assim, Lula determinou ao ministro "um pente-fino" na situação de cada ministério para identificar e tentar resolver os entraves do Orçamento.