Título: BRASILEIRO E ARGENTINO DISCUTEM VAGA NA ONU
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 06/05/2005, O País, p. 12
Diplomata diz que Brasil não desistirá de fazer parte de conselho apesar da oposição da Argentina
BUENOS AIRES. Em meio à nova crise política entre Brasil e Argentina, o embaixador brasileiro em Madri, José Viegas, reuniu-se ontem com o vice-ministro das Relações Exteriores argentino, Jorge Taiana, para discutir a reforma do Conselho de Segurança da ONU, um dos principais pontos de conflito da agenda bilateral. Apesar de a Argentina ter insistido em se opor à pretensão do Brasil de ocupar uma vaga permanente no conselho, Viegas disse que o Brasil não renunciará a sua candidatura.
- É evidente que o Brasil não intenciona retirar sua candidatura - enfatizou o embaixador.
Buenos Aires foi a última escala da turnê de Viegas pela América Latina destinada a colher apoios para a candidatura brasileira. Após o encontro com Taiana, o embaixador brasileiro informou que, dos 12 vizinhos do Brasil na América do Sul, nove já confirmaram adesão à proposta brasileira, que prevê a criação de seis novas vagas permanentes no conselho. Já os governos de Argentina, Colômbia e Uruguai manifestaram oposição à proposta. No entanto, afirma Viegas, mesmo sem o apoio da Argentina, o Brasil vai manter firme sua posição.
Embaixador visitou Peru, Bolívia e Colômbia
Após ter visitado países como Venezuela, Peru, Bolívia e Colômbia, o embaixador brasileiro mostrou-se ligeiramente otimista em relação aos países que ainda não declararam apoio à proposta do Brasil de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
- Acredito que existe uma tendência a acomodar posições - assegurou Viegas.
Perguntado sobre as divergências entre Brasil e Argentina, Viegas foi enfático:
- A Argentina é um país independente e terá a posição que considerar que representa seus interesses nacionais. Não vim aqui negociar nada, nem vim pedir apoio, vim apenas explicar a visão brasileira - disse o embaixador, um dos emissários enviados pelo ministro Celso Amorim aos países do continente.