Título: MONTADORAS BATEM RECORDE, APESAR DO DÓLAR
Autor: Eliane Oliveira/Aguinaldo
Fonte: O Globo, 06/05/2005, Economia, p. 29

Indústria automobilística vendeu 35,9% a mais para o exterior entre janeiro e abril. Produção cresceu 14,7%

SÃO PAULO e BRASÍLIA. As montadoras registraram volume recorde de produção e de exportação no primeiro quadrimestre deste ano. De acordo com dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a receita com exportações, carro-chefe do setor, chegou a US$3,18 bilhões, 35,9% a mais do que no primeiro quadrimestre do ano passado. Já a produção de veículos somou 771,3 mil unidades de janeiro a abril, 14,7% a mais do que no mesmo período de 2004.

Em abril, a produção foi de 203,4 mil carros, com queda de 6,9% na comparação com março. Segundo a Anfavea, a diferença se deve ao menor número de dias úteis em abril (20, contra 22 em março). Feito o ajuste, o resultado passa a ser de crescimento de 1,3%. O mesmo raciocínio vale para as vendas no mercado interno, que foram de 137,7 mil unidades no mês passado, 7,9% a menos que em março. Descontando o fator calendário, as montadoras fecharam com o mês com alta de 2,4%.

A Anfavea voltou a dizer que o vigor das exportações, que têm sustentado o ritmo de atividade nas linhas de montagem, está sob ameaça por causa da contínua desvalorização do dólar frente ao real. A entidade também divulgou ontem dois estudos, um da FGV e outro da Funcex, para reclamar que o setor perdeu rentabilidade nas exportações.

- A rentabilidade das exportações foi pulverizada, destruída - disse o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.

O estudo da FGV faz uma comparação entre os custos na compra de insumos e a queda da cotação do dólar entre dezembro de 2001 e março deste ano. O descompasso seria de 46,5%. Já o levantamento da Funcex indica uma perda de rentabilidade de 34,6% nas exportações em dólar, considerando o pico nas cotações da moeda - em meados de 2002, quando chegou a R$4, pressionado pelo nervosismo que antecedeu a eleição presidencial.

- E quando você fica no vermelho, o que acontece é que você pára de investir - disse.

Furlan defende ponto de vista da Anfavea

Golfarb atribuiu à inércia do mercado a manutenção de sucessivos recordes na pauta de exportações do setor. Segundo ele, "ninguém vai parar de vender" para os contratos fechados anteriormente. A estimativa preliminar da Anfavea para as exportações é de um patamar de US$8,9 bilhões neste ano, com alta de 7% sobre 2004. Mas esse número pode ser revisto ainda este mês por causa do impacto do câmbio, disse Golfarb.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, encampou ontem discurso da Anfavea. Segundo o ministro, as indústrias automobilísticas já começam a rever seus contratos, por considerarem que podem perder rentabilidade com a atual taxa de câmbio.

- Isso indica que podemos ter uma queda nas exportações, principalmente de manufaturados.

Mesmo assim, assegurou que as exportações brasileiras vão chegar a US$120 bilhões até o fim do governo Lula, independentemente do câmbio.

COLABOROU Eliane Oliveira

inclui quadro: produção e exportação em alta