Título: VISTORIA CONSTATA PROBLEMAS EM HOSPITAL ESTADUAL
Autor: Célia Costa e Simone Miranda
Fonte: O Globo, 07/05/2005, Rio, p. 23

Fila para cirurgia no Instituto de Cardiologia Aloysio de Castro é de 880 pessoas, mas unidade só faz 2 operações por semana

Uma vistoria da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores constatou ontem problemas no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, no Humaitá. Atualmente, há 880 pessoas aguardando por uma operação no coração. No entanto, o hospital só realiza duas cirurgias por semana. Com isso, se continuar nesse ritmo, o último paciente da fila de espera só conseguirá entrar na sala de cirurgia daqui a mais de nove anos.

A inspeção foi realizada pelo vereador Dr. Carlos Eduardo (PP), vice-presidente da Comissão de Saúde:

¿ O setor de emergência só tem sete leitos para uma demanda enorme. Mas os pacientes que estão lá não conseguem ser operados, então ficam segurando os leitos, o que impede que as pessoas que cheguem possam ser atendidas. O setor só tem duas poltronas e duas máquinas de hemodinâmica, mas uma delas está parada há mais de um ano e a outra só funciona no horário comercial ¿ disse ele.

Outro problema, segundo ele, é que os monitores despencaram das paredes e estão, há um ano e meio, funcionando sobre cadeiras e degraus ao lado dos leitos:

¿ Além disso, os aparelhos de monitoração de pressão arterial estão todos com defeito.

Segundo o vereador, a obra da unidade coronariana do hospital está parada há cinco anos. Com isso, o CTI pós-operatório tem que dividir seu espaço com os pacientes da coronariana. A unidade não realiza nenhum exame de angioplastia há 15 dias e valvuloplastia há mais tempo ainda. Outro problema é que, dos dois únicos elevadores do hospital, um está sempre com defeito.

Na rede municipal, o acordo firmado pelo Ministério da Saúde e pela prefeitura anteontem foi bem recebido por entidades que fiscalizam o setor. O deputado Paulo Pinheiro (PT), presidente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa (Alerj), disse ontem esperar que, após o cumprimento dos itens acertados, a Secretaria municipal de Saúde invista na rede de atenção básica. Já o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) comemorou a decisão de se implantar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

¿ O grupo de emergência do Cremerj vai se reunir para saber as medidas que serão adotadas para a implantação do serviço ¿ disse a presidente do conselho, Márcia Rosa de Araújo.

Para o deputado Paulo Pinheiro, o acordo foi vantajoso para os dois lados:

¿ O acordo mostrou que o Ministério da Saúde queria a negociação, já que cedeu a várias exigências da prefeitura.

Segundo o acordo, o ministério reassumirá quatro hospitais que foram municipalizados (da Lagoa, de Ipanema, do Andaraí e Cardoso Fontes). Com isso, será feito um desconto de R$72,7 milhões do total de repasses anuais do SUS para a prefeitura, referentes à produção e ao custeio das quatro unidades. O acordo prevê que os hospitais Miguel Couto e Souza Aguiar recebam R$17,8 milhões do Program a de Qualificação da Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde (Qualisus).

Também ficou acertado que a União pagará à prefeitura R$135 milhões, referentes ao custo de reposição de 1.594 servidores federais lotados nas unidades que foram municipalizadas.