Título: CHACINA: ROSINHA AMEAÇA CÚPULA COM DEMISSÕES
Autor: Gustavo Goulart e Vera Araújo
Fonte: O Globo, 07/05/2005, Rio, p. 29

A governadora Rosinha Garotinho disse ontem de manhã que, se a chacina da Baixada Fluminense tiver qualquer ligação com disputas políticas na cúpula da Secretaria de Segurança, vai demitir todos os envolvidos. Anteontem, os deputados Paulo Ramos (PDT), major reformado da PM, e Paulo Mello (PMDB) denunciaram que a matança foi motivada por uma disputa política entre dois coronéis na região: Francisco D¿Ambrósio, até dezembro do ano passado comandante do Policiamento da Baixada, e o inspetor-geral de Polícia, coronel João Carlos Ferreira.

¿ Se ficar provado, nós temos que demitir todos. Vamos abrir um inquérito administrativo e apurar a verdade. Seja por conta de disputa de cargo, seja por conta do que for, não podemos aceitar esse tipo de coisa ¿ disse Rosinha.

O promotor Marcelo Neves, responsável pelo inquérito sobre a chacina, disse ontem que vai convidar Paulo Ramos para prestar esclarecimentos.

¿ O Ministério Público quer saber a verdade. As denúncias feitas pelo deputado são extremamente relevantes ¿ disse Neves.

Coronel nega ter participação em mudanças

João Carlos Ferreira, citado pelos deputados como um dos pivôs da chacina por ter, segundo eles, influenciado na mudança de comando de todos os batalhões da Baixada, negou ontem participação nas mudanças. Ele levantou a suspeita de que esteja havendo uma tentativa de desviar o foco das investigações. O coronel admitiu que é filiado a um partido político, cujo nome se negou a revelar, e que ia ser candidato a vereador em Maricá nas eleições de 2004.

O inspetor disse ainda que pretende se desvincular do partido e talvez se filiar a outro. Perguntado se vai se candidatar a algum mandato político, Ferreira disse que ¿ninguém sabe o dia de amanhã e que ser candidato é uma coisa natural¿.

Ontem também, Paulo Ramos disse que, na sua opinião, existe uma tentativa de colocar as investigações numa única linha, quando há informações que podem ampliá-las. O deputado disse que a Comissão de Direitos Humanos da Alerj pretende ouvir os dois coronéis.