Título: DÓLAR RECUA PELA SEXTA VEZ CONSECUTIVA: R$2,462
Autor: Patricia Eloy e Martha BEck
Fonte: O Globo, 07/05/2005, Economia, p. 39

RIO e BRASÍLIA. A expectativa de entrada de recursos provenientes de negócios de empresas brasileiras com companhias estrangeiras levou o dólar ontem à sexta queda consecutiva. Sem o amparo do Banco Central (BC), que há cerca de dois meses abandonou os leilões de compra de moeda, o dólar recuou 0,12%, encerrando os negócios cotado a R$2,462 para venda.

Os investidores evitam comprar moeda devido às estimativas de entrada de recursos, o que poderia derrubar ainda mais as cotações. Além do acordo entre o grupo francês Casino e o brasileiro Pão de Açúcar (o negócio é da ordem de US$860 milhões), fechado na última quarta-feira, analistas citavam também a intenção da Vale do Rio Doce de se desfazer de parte dos investimentos em siderúrgicas, numa operação superior a US$1,2 bilhão, já aprovada pelo Conselho de Administração da companhia.

Meirelles se diz sereno em relação a acusações

Ontem, os números da produção industrial ajudaram a manter o ânimo dos investidores. Apesar do crescimento em março, a indústria continua a mostrar desaceleração na comparação entre o primeiro trimestre deste ano e os três últimos meses de 2004, o que afasta, por ora, as apostas de uma nova alta de juros. Diante disso, o risco-Brasil recuou 2,54%, para 422 pontos centesimais, e a Bolsa subiu 0,60%. Os títulos da dívida externa brasileira ficaram praticamente estáveis.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, evitou ontem comentar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou constitucional a medida provisória que deu a ele status de ministro. Ao ser perguntado se estava mais aliviado, Meirelles, que passou a ter foro privilegiado para se defender de denúncias de sonegação fiscal, remessa ilegal de recursos e crime eleitoral, disse:

¿ Estou sempre sereno.

O presidente do BC também evitou fazer comentários sobre a defesa que vai apresentar em relação às denúncias.