Título: GUTIÉRREZ DECIDE RECORRER À OEA
Autor: Francisco Leali e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 07/05/2005, O Mundo, p. 45

BRASÍLIA. O ex-presidente do Equador Lucio Gutiérrez decidiu recorrer à Organização dos Estados Americanos (OEA). Asilado político no Brasil desde o mês passado, Gutierrez quer obter da OEA uma manifestação de reconhecimento de que foi deposto irregularmente do cargo.

Apesar de ter recebido o asilo com o compromisso de não tratar de assuntos de seu país no Brasil, Gutiérrez afirma que tem o direito de apelar para a instância internacional, que poderá reconhecer ou não um golpe de Estado no Equador. O ex-presidente prepara um relatório para enviar à OEA. Chegou a cogitar a possibilidade de solicitar que os mesmos integrantes da missão da organização que foram ao Equador o entrevistassem em Brasília. Mas não há confirmação de que ele vai formalizar o pedido.

Mulher e filha renunciam a asilo para voltar ao Equador

Acompanhado de um segurança da Polícia Federal, Gutiérrez levou ontem sua mulher, Ximena Bohóquez Romero, e a filha Viviana, de 15 anos, ao Ministério da Justiça. As duas assinaram um pedido de renúncia ao asilo político no Brasil e vão retornar amanhã ao Equador, onde permanece uma outra filha. Embora tenha sido questionada por autoridades brasileiras sobre os riscos de sua volta ao país, Ximena, que é deputada, alegou que já se sente segura e quer retornar.

¿Esta é uma boa hora para voltar e assumir a cadeira que é minha¿, teria dito Ximena às autoridades brasileiras.

A secretária Nacional de Justiça, Cláudia Chagas, disse que a renúncia ao asilo não impede novos pedidos para que elas voltem ao Brasil.

¿ Elas têm o direito de renunciar ao asilo. Caso queiram retornar ao Brasil na mesma condição, nada impede que seja concedido novo asilo ¿ disse Cláudia, que se reuniu ontem com a família do ex-presidente do Equador.

Gutiérrez continuará no Brasil. Convidado a dar palestras nos Estados Unidos, o ex-presidente chegou a sondar o governo brasileiro sobre a viagem. Mas, diante dos pedidos de diplomatas para que evite falar da situação política no Equador de modo a não criar novas crises, decidiu permanecer, por enquanto, em Brasília.