Título: ATRASO DE VERBAS FAZ VIVA RIO REDUZIR PROJETOS
Autor: Fábio Vasconcellos
Fonte: O Globo, 07/05/2005, Rio, p. 18

Organização não-governamental demitiu 29 funcionários para conseguir manter trabalhos até o fim do ano

O cobertor ficou curto para a organização não-governamental Viva Rio. Com o atraso no repasse de verbas para manter programas sociais, a direção da ONG decidiu demitir profissionais e reduzir o ritmo de alguns trabalhos voltados para a população carente. Esta semana, 29 pessoas foram dispensadas e projetos como o Viva Favela e as rádios comunitárias foram reduzidos para que sejam mantidos até o segundo semestre.

De acordo com o coordenador do Viva Rio, Rubem Cesar Fernandes, desde o início do ano vem ocorrendo uma queda substancial no repasse de verba governamental e também de empresas dispostas a patrocinar projetos sociais. Rubem Cesar explicou que, por causa disso, foi obrigado a fazer cortes para equilibrar as contas da instituição:

¿ As despesas ficaram maiores do que as receitas, já que muitas verbas ainda não foram liberadas pelos governos municipal, estadual e federal e de outros países. Fizemos uma projeção e se não fizéssemos os cortes não poderíamos manter muitos trabalhos até o fim do ano.

Recursos governamentais são os maiores

Atualmente, das 81 fontes de receita do Viva Rio, 47% vêm dos governos municipal, estadual e federal, além das contribuições internacionais, 31% são de fundações e apenas 7% de empresas privadas. De acordo com o coordenador da ONG, a instituição está buscando outros recursos, já que não poderá continuar os programas usando receita própria por muito tempo. Rubem Cesar acredita que o atraso pode ter relação com problemas como o tsunami, na Ásia, e a guerra do Iraque:

¿ As instituições internacionais que patrocinam projetos podem ter dirigido a verba para essas áreas, já que não é comum haver atrasos.

Pelos dados do Viva Rio, ao longo de 2004 a ONG manteve programas em 70 cidades, contratando temporariamente cerca de 1.400 pessoas. Além delas, outras 200 trabalhavam na sede da organização até as demissões este mês. A direção da ONG repassou um e-mail para seus integrantes na semana passada, anunciando os cortes e explicando as dificuldades pela qual está passando.

¿ Os profissionais são contratados à medida em que os projetos sociais são aprovados pelos financiadores. Tenho certeza de que vamos resolver esse problema em breve ¿ acredita Fernandes.

O Viva Rio desenvolve projetos em três áreas: inclusão social, segurança pública e direitos humanos, além da comunicação social. Um dos principais é a campanha do desarmamento.

A crise deste início de ano em nada lembra o desempenho da ong no ano passado. O relatório da instituição sobre as atividades em 2004, divulgado na internet, mostra que só na capital foram realizados 468 projetos. Para isso, houve parceria com 1.138 instituições, número que subiu 60% nos últimos dois anos. O Viva Rio desenvolveu também cerca de 350 eventos ao longo de 2004.