Título: FOLHA DE PAGAMENTO TAMBÉM É A MAIS CARA
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 08/05/2005, O País, p. 3

Em 2004, governo gastou R$9,1 bilhões com servidores federais lotados no Rio

BRASÍLIA. Com o maior número de servidores públicos federais no país, o Rio de Janeiro é também o estado onde o governo federal paga a mais cara folha de pagamento. Somente em 2004, o governo gastou R$9,1 bilhões com salários de servidores lotados em instituições federais no Rio. O valor corresponde a 23,7% dos R$38,5 bilhões desembolsados neste mesmo ano com o pagamento dos salários de todos os funcionários do Executivo no país. A despesa é também três vezes maior do que o que o governo gasta com seus funcionários em Brasília, a sede da administração federal e segunda maior folha de pagamento.

Rio também concentra maior número de servidores federais inativos no país

O Rio de Janeiro também é o estado com o maior número de servidores inativos. No estado estão 103.740 aposentados, o equivalente a 36,6% do total da máquina federal local. O contingente de aposentados é até maior do que os 101.996 servidores da ativa, conforme o Boletim Estatístico do Ministério do Planejamento de janeiro deste ano. Além do Rio, só Pernambuco e Acre têm mais aposentados do que servidores federais na ativa.

Dos 53.228 servidores públicos de Pernambuco, 21.090 já se aposentaram e outros 20.704 permanecem em atividade. Os demais são pensionistas. No Acre, o quadro não é muito diferente. O estado tem 7.308 servidores, 2.650 aposentados e 2.521 na ativa. Brasília tem 43.460 aposentados. É quase o mesmo número dos 49.536 servidores que ainda estão em atividade.

O diretor de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Vladimir Nepomuceno, considera natural que o Rio de Janeiro tenha mais servidores da ativa e aposentados do que Brasília, a capital do país, ou do qualquer outro estado. Segundo ele, boa parte da estrutura da antiga capital não pôde ser transferida. Ele cita o caso das quatro universidade federais (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense e UniRio), dos 16 hospitais e de diversas instituições de ensino e pesquisa no estado.

¿ O governo está construindo uma outra biblioteca nacional em Brasília, mas não faz sentido tirar o acervo da Biblioteca Nacional do Rio e levar para a capital federal ¿ argumenta Nepomuceno.

Segundo levantamento do Ministério do Planejamento, na divisão por região, 38% dos servidores ativos estão no Sudeste. Em segundo lugar aparece o Nordeste, com 23%. No Centro-Oeste são 15%; no Norte, 13%; e no Sul, 11%. Se forem considerados também os inativos, o percentual da região Sudeste chega a 42% do 1,125 milhão de servidores ativos e aposentados em todo o país. Comparado com o tamanho da população das regiões, o Sudeste também tem a maior taxa de servidor federal por habitante. Na região é 1,5 servidor por habitante. A taxa mais baixa é na região Norte: 0,5 por habitante. No Centro-Oeste essa taxa é de 0,6 e chega a 0,9 no Nordeste.

Número de funcionários na ativa vem caindo nos últimos 20 anos

Estudo do Ministério do Planejamento sobre o quadro de pessoal mostra ainda que o número de servidores públicos na ativa vem caindo nos últimos 20 anos. Em 1989, dado mais antigo registrado pelo ministério, eram 1.488.608 servidores ativos na administração direta e nas empresas estatais. Duas décadas e algumas privatizações depois, esse número chegou, no fim do ano passado, a 869.482 funcionários públicos, o que representa uma redução de 41%. Se for considerado apenas o número de servidores ativos da administração direta, a queda é de 30% nesse período.