Título: SENADO PODE TER 20% DE PARLAMENTARES SEM VOTO
Autor: Lydia Medeiros e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 08/05/2005, O País, p. 16

Por causa das eleições de 2006, 19 suplentes têm chance de assumir vagas de senadores que disputarão governos estaduais

BRASÍLIA. Ser suplente de senador promete ser um bom negócio em 2007. Pelo menos para os 19 suplentes dos senadores que devem ser candidatos a governador nas próximas eleições. Se todos assumirem as cadeiras dos titulares, o Senado terá mais de 20% da representação compostos por pessoas que não receberam um único voto. A situação é esdrúxula, mas não será inédita na história da Casa. Em setembro de 1998, véspera de eleição, também eram suplentes 19 dos 81 senadores.

¿ Será a farra dos suplentes ¿ admite o líder do PMDB, Ney Suassuna (PB), um ex-suplente no início da carreira política.

Mão Santa escolheu a mulher como suplente

Hoje, há oito senadores que foram ou são suplentes no exercício do mandato. Um deles, o empresário Fernando Flexa Ribeiro (PSDB-PA), desde janeiro na vaga de Duciomar Costa, eleito prefeito de Belém. Dois meses antes, fora preso pela PF, acusado de fraudes em licitações públicas no Amapá. Graças à lei, que não prevê votação específica para os reservas nem tem restrições a pessoas que respondem a processos, ele ganhou seis anos como senador.

A suplência ¿ certamente o emprego mais fácil da República ¿ em geral é entregue pelos donos oficiais do mandato a companheiros de partido. Mas não são poucos os casos em que o substituto é parente ou, quase sempre, o principal financiador da campanha eleitoral. Na legislatura passada, por exemplo, o empresário paulista Pedro Piva teve a oportunidade de passar a maior parte do mandato de José Serra no Senado, enquanto o eleito estava no Ministério do governo Fernando Henrique.

Célebre suplente dessa categoria é o empresário Gilberto Miranda (PFL-AM). Ano passado, ficou alguns meses no lugar de Gilberto Mestrinho (PMDB-AM). Mas Miranda é profissional nessa atividade. Em 1990, assumiu a vaga de Carlo de Carli por quatro meses. Na legislatura seguinte, de novo suplente, virou titular ganhando sete anos do mandato de Amazonino Mendes, eleito governador.

Candidato ao governo do Piauí, o senador Mão Santa (PMDB) escolheu a mulher, Adalgisa Carvalho, para substituí-lo. Se ele for eleito, ela terá um mandato de quatro anos.