Título: TASSO E MERCADANTE: BATE-BOCA POLÍTICO
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 10/05/2005, Economia, p. 21

Tucano: governo subiu gastos e está parado. Petista cobra oposição construtiva

O bate-boca entre governo e oposição transferiu-se ontem do Congresso Nacional para o auditório do BNDES, no Rio. O novo round foi protagonizado pelos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo, que dividiram a mesma mesa no Fórum Nacional. O tucano criticou o aumento dos gastos públicos e disse que o governo está paralisado, pensando apenas nas eleições do ano que vem. Já o petista afirmou que a oposição não tem sido construtiva, citando como exemplo a dificuldade para um acordo de votação da reforma tributária.

¿ O projeto do governo está inteiramente voltado para a formação de alianças para 2006. Por isso, o Congresso está parado. Quem espera reformas como as que aconteceram no início pode desistir, pois não existe vontade nem condições do governo para conseguir ¿ atacou Jereissati em sua exposição, que tratou apenas de questões políticas.

Como já tinha discursado, Mercadante pediu novamente a palavra e rebateu:

¿ Imaginei que o fórum fosse menos um debate político. Esta análise deveria levar a oposição a apresentar uma agenda. O papel da oposição é criticar, mas apresentar também alternativas.

Enquanto defendia o trabalho do Congresso, respondendo às críticas de que o governo está mais preocupado com as eleições, Mercadante foi interrompido duas vezes por Jereissati, que o provocou:

¿ Então tira o Jucá se tem coragem ¿ disse ele, seguidas vezes, em referência à nomeação do peemedebista Romero Jucá para o Ministério da Previdência.

Após o encerramento, o tucano explicou:

¿ Manter o Jucá só tem uma explicação: garantir a aliança com o PMDB para as eleições de 2006.

Mercadante reconheceu a baixa produção do Congresso Nacional nos últimos meses, mas disse que o governo Lula não está paralisado:

¿ Os partidos devem e vão pensar nas eleições, mas o governo está totalmente concentrado em governar.

Durante sua exposição, Mercadante já fizera uma defesa do trabalho do Congresso, que considera fundamental para o bom desempenho econômico do governo Lula. Ele enumerou leis aprovadas na Câmara e no Senado desde 2003 e fez críticas à cobertura da imprensa:

¿ A percepção da imprensa e da sociedade não expressa o volume de leis que nós aprovamos e o papel relevante que esta evolução teve para os resultados que o país teve ao longo destes últimos dois anos. A notícia tem sido mais aquilo que não deu certo ¿ disse Mercadante.